quarta-feira, 18 de agosto de 2010

“Nota mais alta não é educação melhor”

Diane Ravitch, ex-secretária-adjunta de Educação dos EUA
02 de agosto de 2010
Simone Iwasso – O Estado de S.Paulo

Uma das principais defensoras da reforma educacional americana -baseada em metas, teste padronizados, responsabilização do professor pelo desempenho do aluno e fechamento de escolas mal avaliadas – mudou de ideia.

Após 20 anos defendendo um modelo que serviu de inspiração para outros países, entre eles o Brasil, Diane Ravitch diz que, em vez de melhorar a educação, o sistema em vigor nos Estados Unidos está formando apenas alunos treinados para fazer uma avaliação.

Secretária-adjunta de Educação e conselheira do secretário de Educação na administração de George Bush, Diane foi indicada pelo ex-presidente Bill Clinton para assumir o National Assessment Governing Board, instituto responsável pelos testes federais. Ajudou a implementar os programas No Child Left Behind e Accountability, que tinham como proposta usar práticas corporativas, baseadas em medição e mérito, para melhorar a educação.

Suas revisão de conceitos foi apresentada no livro The Death and Life of the Great American School System (a morte e a vida do grande sistema escolar americano), lançado no mês passado nos EUA. O livro, sem previsão de edição no Brasil, tem provocado intensos debates entre especialistas e gestores americanos. Leia entrevista concedida por Diane ao Estado.

Por que a senhora mudou de ideia sobre a reforma educacional americana?

Eu apoiei as avaliações, o sistema de accountability (responsabilização de professores e gestores pelo desempenho dos estudantes) e o programa de escolha por muitos anos, mas as evidências acumuladas nesse período sobre os efeitos de todas essas políticas me fizeram repensar. Não podia mais continuar apoiando essas abordagens. O ensino não melhorou e identificamos apenas muitas fraudes no processo.

Em sua opinião, o que deu errado com os programas No Child Left Behind e Accountability?

O No Child Left Behind não funcionou por muitos motivos. Primeiro, porque ele estabeleceu um objetivo utópico de ter 100% dos estudantes com proficiência até 2014. Qualquer professor poderia dizer que isso não aconteceria – e não aconteceu. Segundo, os Estados acabaram diminuindo suas exigências e rebaixando seus padrões para tentar atingir esse objetivo utópico. O terceiro ponto é que escolas estão sendo fechadas porque não atingiram a meta. Então, a legislação estava errada, porque apostou numa estratégia de avaliações e responsabilização, que levou a alguns tipos de trapaças, manobras para driblar o sistema e outros tipos de esforços duvidosos para alcançar um objetivo que jamais seria atingido.

Isso também levou a uma redução do currículo, associado a recompensas e punições em avaliações de habilidades básicas em leitura e matemática. No fim, essa mistura resultou numa lei ruim, porque pune escolas, diretores e professores que não atingem as pontuações mínimas.

Qual é o papel das avaliações na educação? Em que elas contribuem? Quais são as limitações?

Avaliações padronizadas dão uma fotografia instantânea do desempenho. Elas são úteis como informação, mas não devem ser usadas para recompensas e punições, porque, quando as metas são altas, educadores vão encontrar um jeito de aumentar artificialmente as pontuações. Muitos vão passar horas preparando seus alunos para responderem a esses testes, e os alunos não vão aprender os conteúdos exigidos nas disciplinas, eles vão apenas aprender a fazer essas avaliações. Testes devem ser usados com sabedoria, apenas para dar um retrato da educação, para dar uma informação. Qualquer medição fica corrompida quando se envolvem outras coisas num teste.


Na sua avaliação, professores também devem ser avaliados?

Professores devem ser testados quando ingressam na carreira, para o gestor saber se ele tem as habilidades e os conhecimentos necessários para ensinar o que deverá ensinar. Eles também devem ser periodicamente avaliados por seus supervisores para garantir que estão fazendo seu trabalho.

E o que ajudaria a melhorar a qualidade dos professores?

Isso depende do tipo de professor. Escolas precisam de administradores experientes, que sejam professores também, mais qualificados. Esses profissionais devem ajudar professores com mais dificuldades.

Com base nos resultados da política educacional americana, o que realmente ajuda a melhorar a educação?

As melhores escolas têm alunos que nasceram em famílias que apoiam e estimulam a educação. Isso já ajuda muito a escola e o estudante. Toda escola precisa de um currículo muito sólido, bastante definido, em todas as disciplinas ensinadas, leitura, matemática, ciências, história, artes. Sem essa ênfase em um currículo básico e bem estruturado, todo o resto vai se resumir a desenvolver habilidades para realizar testes. Qualquer ênfase exagerada em processos de responsabilização é danosa para a educação. Isso leva apenas a um esforço grande em ensinar a responder testes, a diminuir as exigências e outras maneiras de melhorar a nota dos estudantes sem, necessariamente, melhorar a educação.

O que se pode aprender da reforma educacional americana?

A reforma americana continua na direção errada. A administração do presidente Obama continua aceitando a abordagem punitiva que começamos no governo Bush. Privatizações de escolas afetam negativamente o sistema público de ensino, com poucos avanços de maneira geral. E a responsabilização dos professores está sendo usada de maneira a destruí-los.

Quais são os conceitos que devem ser mantidos e quais devem ser revistos?

A lição mais importante que podemos tirar do que foi feito nos Estados Unidos é que o foco deve ser sempre em melhorar a educação e não simplesmente aumentar as pontuações nas provas de avaliação. Ficou claro para nós que elas não são necessariamente a mesma coisa. Precisamos de jovens que estudaram história, ciência, geografia, matemática, leitura, mas o que estamos formando é uma geração que aprendeu a responder testes de múltipla escolha. Para ter uma boa educação, precisamos saber o que é uma boa educação. E é muito mais que saber fazer uma prova. Precisamos nos preocupar com as necessidades dos estudantes, para que eles aproveitem a educação.

QUEM É

É pesquisadora de educação da Universidade de Nova York. Autora de vários livros sobre sistemas educacionais, foi secretária-adjunta de Educação e conselheira do secretário de Educação entre 1991 e 1993, durante o governo de George Bush. Foi indicada pelo ex-presidente Bill Clinton para o National Assessment Governing Board, órgão responsável pela aplicação dos testes educacionais americanos.

O que os atuais “paradigmas pedagógicos” têm a ver com a crise na educação?

http://www.escolasempartido.org/?id=38,1,article,2,168,sid

Por Fabio Lins

Fiz nova enquete na comunidade Escola Sem Partido e outras de educação sobre a influência da “tríade sagrada” Piaget-Freire-Vygotsky na educação brasileira. A pergunta foi assim formulada em todas elas:

“Há relação entre os atuais paradigmas pedagógicos e os péssimos resultados dos alunos?

Todos sabemos dos péssimos resultados em educação no Brasil. Nosso paradigma tem sido regido pela “tríade sagrada” Piaget-Freire-Vygotsky com participações menos vigorosas de outros modelos. Você considera que existe relação de causa e efeito entre este paradigma e os resultados ruins? Ou seja, será que os péssimos resultados obtidos são efeitos de anos de aplicação destes meios?”

Eis os resultados:

Comunidade “Educação”

Sim, e já passou da hora de mudar de paradigma – 47 votos (34%)

Não. As causas são bem outras - 90 votos (65%)

total: 137 votos

Comunidade “Psicopedagogia”

Sim. E já passou da hora de mudarmos de paradigma – 21 votos (33%)

Não. As causas são bem outras - 41 votos (66%)

total: 62 votos

Comunidade “Profissão Professor”

Sim. E já passou da hora de mudarmos de paradigma - 76 votos (51%)

Não. As causas são bem outras – 73 votos (48%)

total: 149 votos

Comunidade “Escola Sem Partido”

Sim, e já passou da hora de mudarmos de paradigma – 65 votos (81%)

Não, as causas são bem outras – 15 votos (18%)

total:80 votos

Minha interpretação dos dados

As comunidades mais voltadas para a teoria pedagógica são as mais avessas à idéia de que haja ligação entre teoria pedagógica e os resultados da prática pedagógica. Normalmente, vê-se pelos comentários, eles atribuem os péssimos resultados às condições do ambiente de ensino e à má compreensão das teorias mencionadas por parte dos aplicantes. Em suma, eles acham que os maus resultados ocorrem não por causa do paradigma que seguem, mas por causa de sua incompleta ou errônea aplicação.

Nas comunidades mais práticas, a de professores e a ESP, que é constituída predominantement de alunos, a perspectiva é oposta. Consideram que essas teorias têm sim parte considerável nas causas da falência da educação brasileira, julgando, possivelmente, que os resultados são reflexo da tentativa de aplicação de teorias ou inaplicáveis, ou ultrapassadas, ou equivocadas (não são tão explícitos nos comentários os possíveis defeitos da teoria). Ou seja, nas comunidades que votaram mais no “sim”, a percepção parece ser que “tem algo errado com a teoria, mas pouco importa ficar tentando descobrir o que seja, temos que encontrar outro modelo mais eficiente”.

Curioso também que nas comunidades “Educação” e “Profissão Professor” a margem de vitória respectivamente do “Não” e do “Sim” não é muito grande. Já nas comunidades “Psicopedagogia” e “Escola Sem Partido” as opções vitoriosas o são por margens de maior expressão. Qual o significado disso?

A comunidade Psicopedagogia constitui-se de profissionais que trabalham mais de perto com os autores mencionados. São a referência direta para muitos e autoridades maiores.

A comunidade Educação constitui-se de pessoas interessadas na Educação entre profissionais de especialidades diferentes e cidadãos de todo tipo. O “status” dos autores ali se dilui entre profissionais especializados, leigos e alunos.

A comunidade Profissão Professor é composta principalmente de professores. Estes são os responsáveis pela tarefa de “pôr a teoria na prática”. Estão, portanto, mais cientes das limitações do dia-a-dia ao mesmo tempo que conhecem a teoria e seus ideais. O “sim” ganha por uma margem pequena, mas que demonstra uma leve consciência de que, mesmo que o modelo atual não seja de todo mal, um modelo novo e mais eficiente seria bem-vindo em face da problemática do cotidiano.

Já a comunidade “Escola Sem Partido”, altamente conscientizada de questões ideológicas na educação, identifica claramente um viés ideológico nestas teorias que se substituem a verdadeiras práticas pedagógicas, cuja falta produz então os péssimos resultados conhecidos. Ou seja a “conscientização” e a preparação para a ‘cidadania’ e demais propostas estariam, segundo os resultados das pesquisas e testes, substituindo-se à educação propriamente dita e sendo mesmo contrários a ela.

domingo, 15 de agosto de 2010

A Mercantilização do Ensino na Estácio de Sá

A Mercantilização do Ensino na Estácio de Sá
Boletim Especial - Sinpro-Rio
Maio/2010 - Ano XIII - N.º 31

O movimento de expansão da Educação Superior privada alcançou maior dimensão no ano de 2007, período marcado pela consolidação da tendência de realização de IPOs (oferta pública inicial de ações) pelas Instituições de Ensino Superior (IES) no Brasil. O processo de abertura de capital no setor educacional (atualmente, a sexta posição na economia nacional) foi realizado inicialmente pela Anhanguera Educacional. Em seguida, outras IES trilharam o mesmo caminho, como a Rede Pitágoras; e o Sistema COC.

No Rio de Janeiro, a Universidade Estácio de Sá, maior do ranking das IES privadas no “mercado educacional”, foi a pioneira no ingresso do mercado de capitais, através do lançamento de ações na Bovespa, em 9 de fevereiro de 2007.

Ressalte-se, neste aspecto, o fato relevante, amplamente anunciado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e ao mercado financeiro em 10 de abril de 2008, do ingresso do GP Investimentos S/A no quadro acionário da instituição através da compra de 20% das ações e com posição estratégica no comando do Conselho de Administração, ditando os princípios do seu “planejamento estratégico”: demissões em massa, otimização dos custos e investimentos em tecnologia (especialmente na EAD) como fator de economia de escala.

Desde então, o processo de “empresariamento” da educação tem adquirido contornos mais nítidos na instituição, com a sobreposição dos interesses mercantilistas de lucratividade máxima, em detrimento dos fins acadêmicos de investimento em pesquisa, ensino e extensão.

A Estácio de Sá vem praticando uma “reestruturação” em seu quadro permanente de professores, visando a se adequar às exigências do capital, tornando- se mais agudas com a transformação da até então “entidade filantrópica” em “sociedade anônima” através da mencionada Oferta Pública de Ações.

Uma “aberração jurídica” uma vez que se trata de uma empresa que usufruiu do status de entidade filantrópica durante décadas, e, por isso, beneficiária de uma política de desonerações tributárias concedida pelo Estado.
Política de demissões em massa

De 2006 até o presente semestre letivo, é assustador o montante de demissões dos professores da Universidade Estácio de Sá, uma comprovação material dos efeitos devastadores da abertura de capital e descompromisso dos gestores com a responsabilidade social e acadêmica que deve justificar a existência das IES:


2006= 619 demissões

2007= 589 demissões

2009= 814 demissões

2010 (janeiro a março)= 26


Observe-se que, em regra, os professores mais antigos e com maior qualificação acadêmica - considerados mão de obra que onera a folha de pagamentos da empresa - foram os mais atingidos pela política de demissões em massa perpetrada pela Estácio Participações S/A.
Na lógica mercantil que tomou de assalto a instituição, esses números estão inseridos num projeto de “enxugamento” e preparação da estrutura do quadro funcional para os propósitos da empresa, que deixa de seguir metas e objetivos educacionais em favor da maximização de lucros e diminuição de custos.

Dossiê Estácio e o MEC

A expansão da Universidade Estácio de Sá e o sucessivo descumprimento da legislação trabalhista e educacional fundamentaram o “Dossiê Estácio”, construído pelo Sinpro- Rio e entregue em junho de 2007 na Representação Regional do MEC (Remec).
Na verdade, um conglomerado educacional em expansão, com mais de 200 mil alunos espalhados pelo país com metas de expansão internacional. Tal fato se reflete nas graves implicações da abertura de capital na estrutura curricular dos cursos. O Dossiê contém várias denúncias:


• Ausência de participação dos corpos docente e discente na gestão democrática da universidade;

• Inexistência de Conselho Universitário;

• Investimentos tímidos em pesquisa acadêmica e extensão universitária;

• Não remuneração das horas-campo; • Não pagamento dos direitos autorais • Superlotação de salas de aula;

• Educação a Distância (EAD) como fator de economia de escala; • Convênios e parcerias educacionais com mão de obra gratuita do corpo docente.

Falso Tempo Integral


São prerrogativas das universidades usufruírem de autonomia acadêmica para criar, extinguir e modificar cursos e alterar currículos sem autorização prévia do MEC. Em contrapartida, precisam ter um quadro docente permanente; plano de carreira próprio; órgãos colegiados; pelo menos, 1/3 de seus docentes com Mestrado ou Doutorado; e regime de trabalho de tempo contínuo com 40h semanais.


A Estácio Participações S/A inventou uma forma de lesar os interesses dos professores e “enganar” (ou tentar) o MEC, com a adoção de tempos integrais (TIs), que não são verdadeiros. Em maio de 2008, foi implantado o chamado “Programa de Colaboradores de Tempo Integral”, caracterizando-o como um projeto de institucionalização de suas políticas acadêmicas.


Nesse período, cerca de 600 professores e coordenadores foram “convidados” a assinar um termo aditivo ao seu contrato de trabalho pelo qual se sujeitariam a ganhar entre R$ 800 e R$ 1.400, conforme sua qualificação no quadro de docentes da Unesa, por 20h de trabalho semanais, para desenvolver diversas atividades que não fossem referentes às suas atividades como professor.

Palmada em criança pode virar crime

http://www.jornalopcao.com.br/index.asp?secao=Reportagens&idjornal=168&idrep=1661

PAIS & FILHOS

Projeto de lei que pune os pais que derem uma simples palmada nos filhos divide os especialistas e provoca espanto nas famílias, que o consideram absurdo


HELOIZA AMARAL

Educação só na base da conversa. É o que estabelece o Projeto de Lei 2.654/03 da deputada federal Maria do Rosário, do PT do Rio Grande do Sul, que emenda o Estatuto da Criança e do Adolescente, estando na pauta da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados. Caso seja aprovado, os pais ficarão proibidos de dar uma simples palmada nos filhos, porque o projeto proíbe qualquer tipo de castigo, inclusive castigos moderados. Já em seu caput, o projeto estabelece “o direito da criança e do adolescente a não serem submetidos a qualquer forma de punição corporal, mediante a adoção de castigos moderados ou imoderados, sob a alegação de quaisquer propósitos, ainda que pedagógicos”. A proibição, de acordo com o Artigo 1º do projeto, se estende ao lar, à escola, à instituição de atendimento público ou privado e a locais públicos. Os pais que descumprirem a nova lei serão punidos de acordo com as sanções previstas no Artigo 129, incisos I, III, IV e VI do Estatuto da Criança e do Adolescente.

Ou seja, os pais que derem palmadas nos filhos podem ser encaminhados ao programa oficial ou comunitário de proteção à família (inciso I do Estatuto); a tratamento psicológico ou psiquiátrico (inciso III); a cursos ou programas de orientação (inciso IV) e obrigados a encaminhar a criança ou adolescente a tratamento especializado (inciso VI). O projeto também prevê alteração no Artigo 1.634 do novo Código Civil (Lei 10.406, de 10 de janeiro de 2002), que passa a ter seguinte redação: “Compete aos pais, quanto à pessoa dos filhos menores, exigir, sem o uso de força física, moderada ou imoderada, que lhes prestem obediência, respeito e os serviços próprios de sua idade e condição”.

O projeto de lei da deputada estabelece, ainda, que o Estado deve “estimular ações educativas continuadas destinadas a conscientizar o público sobre a ilicitude do uso da violência contra criança e adolescente, ainda que sob a alegação de propósitos pedagógicos” e “divulgar instrumentos nacionais e internacionais de proteção dos direitos da criança e do adolescente”. Além disso, prevê reformas curriculares na escola, entre as quais a introdução, no currículo do ensino básico e médio, de um tema transversal referente aos direitos da criança.

Morgana Custódio Lima, administradora: diálogo com os filhos
De acordo com a deputada Maria do Rosário, a agressão física deseduca e deve ser proibida, sob pena de os pais serem encaminhados a programas oficiais ou comunitários de proteção da família. Até o momento, não há nenhum tópico a respeito da perda da guarda dos filhos. “Não se trata da criminalização da violência moderada, mas da explicitação de que essa conduta não condiz com o direito”, diz a deputada ao justificar o projeto, que foi sugerido pelo Laboratório de Estudos da Criança da Universidade de São Paulo, depois de conseguir a assinatura de 232 mil 600 brasileiros, argentinos e peruanos.

A proposta de Maria do Rosário não precisa ser apreciada pelo plenário da Câmara dos Deputados, indo direto para o Senado. Segundo seus defensores, a proposta está respaldada na legislação brasileira, como o Estatuto da Criança e do Adolescente, que estabelece que as crianças e adolescentes não podem ser vítimas de qualquer tipo de violência. Além disso, o Brasil participa do acordo internacional da Convenção sobre os Direitos da Criança desde 1990, cujo Artigo 19 recomenda que os países-membros das Nações Unidas protejam os menores de qualquer tipo de agressão. Apesar de polêmico, merecedor de um debate mais profundo com a sociedade, o projeto ia passando despercebido entre as dez páginas do ato convocatório do Congresso Nacional, assinado pelos presidentes da Câmara (Aldo Rebelo, do PC do B de São Paulo) e do Senado (Renan Calheiros, do PMDB de Alagoas). Descoberto pelo jornal eletrônico Congresso em Foco, o projeto acabou ganhando capa do Jornal do Brasil de quinta-feira, 12, desencadeando uma polêmica entre pais e especialistas.

Com o projeto da deputada, o Código Civil sofrerá mudanças. Caberá aos pais fazer com que seus filhos sejam obedientes e respeitosos sem usar palmadas e chineladas. Para que o projeto funcione, os deputados envolvidos apostarão na conscientização da sociedade. Os governantes farão campanhas educativas a respeito do assunto e estimularão denúncias, que serão feitas nos Conselhos Tutelares da Infância e da Juventude ou em delegacias de polícia, promotorias de Justiça e escolas. Se descumprirem a lei, os pais realizarão serviços comunitários e poderão passar por tratamentos psicológicos e psiquiátricos. Depois de apresentado na Câmara há dois anos, o projeto foi analisado pelas comissões de Educação e Cultura e de Seguridade Social e Família. Se aprovado agora pela Comissão de Constituição e Justiça, será encaminhado para o Senado, sem passar pelo plenário da Câmara.

Célia Divina dos Santos, comerciante: diálogo nem sempre resolve
Os pais entrevistados concordam que é preciso preservar a criança da violência doméstica, porém são unânimes ao dizer que umas palmadinhas de vez em quando não fazem mal a ninguém. Pelo contrário, podem impedir que algo grave ocorra com seus filhos. Quem nunca viu uma criança curiosa tentar descobrir o que acontece ao colocar o dedo na tomada? Ou puxar uma panela do fogão para saber o que cheira tão bem na cozinha? Com a experiência de quem já passou por isso e muito mais, os pais afirmam que há momentos em que a conversa não é a melhor solução. Os tapas são uma maneira de impedir que a criança sofra ainda mais. A dona de casa Eliete Almeida de Mendonça, de 40 anos, mãe de duas adolescentes, uma de 13 e outra de 15 anos, garante que prefere o diálogo, mas já se valeu de umas boas palmadas quando necessário. Se as meninas desobedeciam, a palmada resolvia a situação. “A criança precisa saber que existe alguém mais forte que ela. Precisa ter limites, até mesmo para que se sinta segura”, explica. Apesar de ter recorrido à força algumas vezes, ela não acredita na afirmação da deputada Maria do Rosário de que isso possa atrapalhar o desenvolvimento infantil. “Sou contra bater sem necessidade ou espancar a criança, mas dar uma palmada não é espancar”, ressalta.

Para Eliete Mendonça, a lei, se aprovada, não vai funcionar, porque não pode tirar o direito dos pais de educar os filhos. “Esses políticos têm tanta coisa mais importante para se preocupar. O projeto não tem sentido”, indigna-se. Paulo Antônio de Mendonça, pai das meninas, tem mais dificuldade em aceitar a palmada. Sempre deixou para a esposa a responsabilidade. Ele lembra que não gostava de apanhar quando era pequeno e, por isso, evita fazer o mesmo com as filhas. “Ele não gosta nem de olhar para elas com cara feia”, observa Eliete. Comparar os tapas dos pais com a palmatória utilizada antigamente nas escolas, como faz a autora do projeto, é uma idéia infeliz, segundo a dona de casa, que lembra da humilhação implícita na palmatória. “Todos os colegas viam a criança apanhar e sabiam o que ela tinha feito de errado, o que não acontece em casa”, ressalva. Seria mais eficiente, de acordo com Eliete, que fizessem uma campanha incentivando os pais a passarem mais tempo com os filhos, darem mais atenção. Ela aposta que isso faria com que eles se sentissem mais amados e protegidos e, conseqüentemente, se comportariam melhor. “Muitas crianças fazem arte só para chamar a atenção dos pais”, enfatiza.

A comerciante Célia Divina dos Santos, de 33 anos, mãe de uma menina de 9, acredita que a filha precisa de ajuda psicológica exatamente porque não recebeu umas palmadas quando foi preciso. Filha única, a menina sempre teve e fez tudo o que quis, e acabou ficando sem limites, conta ela. Mesmo tendo evitado a vida toda bater na filha, Célia vê na palmada uma aliada importante na educação das crianças. Para ela, o Estatuto da Criança e do Adolescente foi um avanço importante, mas peca por permitir que crianças e adolescentes ajam errado sem que recebam uma punição efetiva por seus atos. “Os filhos já estão mandando nos pais. Não há mais respeito”, sustenta. Célia dos Santos também aponta a televisão como um problema a mais para os pais. “É cada vez mais difícil controlar o que os nossos filhos assistem”, afirma, lembrando que muitos programas incentivam crianças e adolescentes a romperem com as normas da sociedade. “Eles aprendem tudo o que não devem vendo TV”, alerta.

Marinalva Tavares, dona de casa: limites são necessários
A administradora de empresas Morgana Custódio Silva Lima, de 37 anos, mãe de um menino de 7 e de uma menina de 6 anos, conta que até já conversou com os filhos a respeito das palmadas e eles próprios concordam que, às vezes, elas são necessárias. “É preciso bater de vez em quando para a criança não perder os limites”, enfatiza. O mesmo pensamento tem a dona de casa Marinalva Tavares, mãe de duas meninas, de 2 e 4 anos. Apesar de novas, as crianças já apanharam algumas vezes para aprender que não podem tudo. “O diálogo é importante, mas tudo tem um limite. Às vezes, a criança tem que ganhar umas palmadas. A vida é doída mesmo”, sintetiza. Assim como as outras mães, Marinalva salienta que é completamente contra o espancamento. O que elas aprovam é o “tapinha corretor”. E as psicólogas concordam. Maria Helena Arruda, especialista em terapia familiar, diz que as palmadas têm sua função na educação. Para ela, a deputada Maria do Rosário não deve ter se expressado bem sobre o grau da violência que quer proibir. “Evitar que as crianças sofram com o abuso dos pais é mais do que justificável, mas a palmada é funcional”, explica.

Apesar de favorável à palmada, a psicóloga alerta os pais para o efeito contrário. Bater demais pode tornar a criança lerda. Nem tudo o que ela faz de errado deve ser punido com violência. Existem casos em que o diálogo é a melhor solução. Deve reinar o bom senso. “Tem a fase do porquê, em que é importante conversar com a criança e explicar o que ela quer saber. Bater nessas horas, não resolve”, aconselha Maria Helena Arruda. Às vezes, os pais podem explicar o porquê de algumas atitudes serem erradas e os filhos as repetirem mesmo assim. Isso, segundo Maria Helena Arruda, dependerá do grau de ousadia da criança. Depois de fazer o que os pais proibiram, ela perceberá que eles estavam certos, mas também podem descobrir que agiram da melhor maneira. A psicóloga derruba a tese apresentada pela deputada Maria do Rosário de que, sem o medo de apanhar, os filhos ouviriam melhor os pais. Para ela, o que determinará a propensão de acatar os conselhos dos pais é a relação existente entre eles e os filhos, independentemente de levarem umas palmadas de vez em quando.

Maria Helena Arruda não concorda, também, que as palmadas possam causar problemas futuros para a criança, prejudicando, inclusive, seu desenvolvimento psicológico. Além disso, segundo ela, não há como comparar as correções paternas com a antiga palmatória das escolas, como faz a deputada. “A palmatória era o terror da escola, mas ser chamada de burra na frente dos colegas é tão ruim quanto receber um castigo físico. Ser humilhado é péssimo. É preciso valorizar os méritos da criança”, explica. De acordo com ela, as crianças estão mais inteligentes do que no passado e percebem os mínimos problemas que ocorrem em casa, como os problemas financeiros e as dificuldades do casamento dos pais. É preciso estar atento para isso e para as conseqüências dessa percepção, o que ajudará os pais a desenvolverem o bom senso necessário na hora das punições.

Eliete Almeida de Mendonça, dona de casa: conversa com as filhas
A psicóloga também discorda da deputada Teté Bezerra, do PMDB de Mato Grosso, que, em parecer na Comissão de Seguridade Social e Família da Câmara dos Deputados, afirmou sobre o projeto: “Embora nossa cultura e senso comum encarem as palmadas como um instrumento corretivo e preventivo, ela encerra um problema maior, que é a banalização do uso da violência como meio de solucionar os conflitos”. Para a psicóloga Maria Helena Arruda, é um equívoco considerar como “banalização da violência” uma ou outra palmada que os pais dão em seus filhos. Segundo ela, a lei, se aprovada, vai tirar a autoridade dos pais. “E, obviamente, isso não é a solução. Se isso acontecer, será preciso criar uma outra lei para evitar que os filhos batam nos pais. Sem falar na quantidade de pais limpando chão de colégio porque deram umas palmadas no filho”, analisa.

A exemplo das mães, os pais também são contra o projeto. Para o vereador e professor Vanderlan Renovato, do PSDB, “pé de galinha não mata pinto”. Pai de dois filhos e avô de duas crianças, ele acredita que umas palmadas podem ajudar na educação dos filhos. “Existe uma enorme diferença entre espancar e dar uma palmada”, enfatiza. Prova disso, segundo ele, é que, mesmo sendo um vovô-coruja, já deu uma palmadinha em sua neta de 4 anos, porque ela o desobedeceu. O deputado federal Sandro Mabel, do PL, concorda com o vereador e afirma que não vê sentido na lei. “Espancar crianças já é proibido na legislação brasileira. Agora, é um absurdo tratar uma palmada como espancamento. Logicamente, não se pode proibir, por lei, os pais de corrigirem seus filhos dessa forma, quando necessário”, sustenta o deputado. Sandro Mabel, que tem três filhos e dois netos, lembra que, às vezes, é até necessário bater para evitar que a criança se machuque mais fazendo alguma coisa que não deveria fazer. “Essa lei é tão sem sentido que, mesmo se for aprovada, não tem como funcionar”, alerta.

A mentirosa história da palmada

Baseando-se no livro História das Crianças no Brasil, organizado pela historiadora Mary Del Priore, os defensores da “Lei da Palmada” alegam que o castigo físico de crianças não existia no Brasil antes do século XVI. Ele teria sido introduzido pelos jesuítas, causando indignação nos índios, que não aceitavam a prática. Um pouco mais tarde, entronizou-se nas escolas brasileiras a temida palmatória, que continuou martelando as mãos das crianças até meados do século passado, sendo substituída por castigos relativamente mais leves, como ficar de joelhos.

A literatura brasileira está cheia de exemplos de castigos físicos nas escolas. Até Machado de Assis, que freqüentou apenas o primário, trata do tema no Conto de Escola, em que a palmatória se faz onipresente: “E essa lá estava, pendurada do portal da janela, à direita, com os seus cinco olhos do diabo. Era só levantar a mão, despendurá-la e brandi-la, com a força do costume, que não era pouca” — conta Machado.

Todavia, imaginar que o castigo físico de crianças foi inventado pela Igreja é desconhecer a própria história da humanidade. Toda cultura estabelece limites para suas crianças. Em muitas culturas esse limite é a própria maturidade precoce, ditada pelas condições insalubres de sobrevivência. Antigamente, na roça, uma criança começava a ajudar os pais no cultivo e na colheita antes dos dez anos, caso contrário, morreria de fome junto com a família. Nas tribos indígenas — mentirosamente idealizadas pelos acadêmicos — também não era necessário castigo físico em criança. Não porque índios sejam anjos, mas porque a vida se encarregava de educar seus filhos, criados coletivamente. Uma indiozinho muito travesso, provavelmente morria picado por cobra, comido por onça. Sem contar que, em lugar da palmada, os adultos da tribo lhe marcavam violentamente o corpo, com seus rituais sagrados — substitutivos do castigo. Na nossa cultura, em que o Estatuto da Criança e do Adolescente criou uma infância ociosa até os 18 anos, se os pais não dispuserem ao menos da palmada para corrigir seus filhos, vão, de fato, acabar apanhando deles. (José Maria e Silva)

A utopia do diálogo infinito

Os defensores do projeto da deputada Maria doRosário, do PT do Rio Grande do Sul, alegam que os castigos físicos em crianças já foram abolidos na legislação de 14 países. O pioneiro foi a Suécia, em 1979, seguido de Áustria, Dinamarca, Noruega, Letônia, Alemanha, Israel, Chipre, Islândia, Itália, Canadá, Reino Unido, México e Nova Zelândia. Ainda existem, todavia, países em que o tapinha é um dos principais métodos para educar as crianças. Os Estados Unidos são um exemplo. Uma pesquisa mostrou que 61 por cento dos norte-americanos acreditam que os castigos físicos são válidos como método de educação. Na Inglaterra, os pais aprovam até mesmo o uso de castigos físicos para seus filhos nas escolas. A professora que usa uma régua para corrigir uma criança é tida pelos ingleses como competente, apesar de o sistema educacional do país ter abolido o castigo em 1989. No Brasil, de acordo com pesquisa da Associação Brasileira Multiprofissional de Proteção à Infância e Adolescência, as mães são as maiores responsáveis pelas palmadas (48,6 por cento, contra 25,2 por cento dos pais).

Contrariando a opinião de grande parte dos especialistas e da maioria esmagadora dos pais, a socióloga Helena Oliveira Silva, de 38 anos, publicou o livro Análise da Violência contra a Criança e o Adolescente, segundo o Ciclo de Vida no Brasil, da Global Editora, em que defende o fim das palmadas, que contabilizam, segundo ela, 31 por cento dos episódios de violência doméstica e estão presentes em todas as classes sociais. Coordenadora de projetos de proteção do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), Helena Oliveira afirma que são quatro os tipos de agressões sofridas na infância — a doméstica, a comunitária, a institucional, a étnica, nas escolas, além da mortalidade infantil. De acordo com a socióloga, o castigo físico não mata, mas humilha a criança. “Se até a Suécia, país que é referência mundial em democracia e bem-estar social, precisou recorrer ao Legislativo para coibir a prática da punição corporal, em locais com pouca tradição democrática, como o Brasil, essa violação é aceita”, sustenta.

Para Helena Oliveira Silva, cujo livro integrou um estudo mundial sobre as formas, causas e impacto da violência na vida das crianças, o que se pretende é evidenciar que nos últimos 30 anos os maiores índices de mortalidade têm ocorrido na infância e adolescência, pressionando, assim, os governos a mudar as leis em busca de solução para o problema. O psicólogo Cristiano da Silveira Longo concorda com Helena Oliveira Silva. Ele defendeu uma tese na Universidade de São Paulo (USP) sobre punição corporal de crianças. Depois de fazer uma enquete com 640 pais, 52 por cento declararam-se favoráveis ao diálogo, mas 99 por cento das crianças brasileiras já levaram ao menos uma palmada na vida. Segundo ele, as crianças mais pobres são as que mais apanham, e a palmada é a tática punitiva preferida das mães. Para o psicólogo, a palmada interrompe o comportamento inadequado instantaneamente, mas não educa em longo prazo. A violência física ainda estimula comportamentos agressivos nas crianças. É fácil observar, segundo ele, uma criança batendo nos irmãos assim como fazem os pais. A palmada, de acordo com Cristiano, além de aumentar a agressividade, pode levar a criança a desenvolver baixa auto-estima, medo, insegurança e sensação de impotência.

Doutora em psicologia infantil e desenvolvimento, a goiana Ângela Maria Menezes Duarte estuda especificamente o caso das agressões físicas praticadas por pais aos filhos. Ela vê na lei uma possibilidade de conter os pais mais desinformados, que acreditam no poder da palmada para educar. Ângela Maria Menezes coordena pesquisas do Programa de Erradicação do Trabalho Infantil em Piracanjuba e o Programa Academia da Paz, com famílias de baixa renda em Goiânia. Nesses dois programas, segundo ela, conseguiu diminuir as agressões contra as crianças, ensinando aos pais outras formas de educar. Entre as opções, ela destaca reforçar os aspectos positivos dos filhos. Com isso, eles acabam reforçando esses pontos e deixando de lado as atitudes erradas.

É possível também, segundo ela, antecipar os problemas. Se a criança não gosta de fazer as tarefas escolares, por exemplo, os pais determinam que ela só poderá brincar ou assistir à televisão depois que acabar de estudar. Assim, os pais evitam que a criança não cumpra com suas obrigações e não precisam castigá-la. O tradicional castigo ainda é uma opção, mas a psicóloga salienta que não é recomendável deixar a criança quieta, sem atenção, por mais de 5 minutos. O uso das palmadas só é aceitável, de acordo com Ângela Maria Menezes, nos casos em que a criança corre algum risco. Mesmo assim, ela garante que existem outras maneiras de corrigir. Para algumas crianças, basta que os pais digam ‘‘não’’ e todo o problema é evitado. A psicóloga é taxativa: “A criança tem uma capacidade cognitiva maior do que os pais pensam. Bater a leva a ficar mais agressiva e pode causar problemas futuros, tanto emocionais como acadêmicos”.

sábado, 14 de agosto de 2010

Programação geral do Seminário Newton da Costa na UFPB

Dia 17 de agosto:
Auditório do CCSA
14:00 Abertura Prof. Giovanni Queiroz
14:30 Palestra Prof. Dr. Newton Carneiro Affonso da Costa - Exposição Geral de seu trabalho.
15:30 Debate.
17:00 às 19:00 Intervalo.
Auditório da Reitoria
19:00 – Cerimônia de Outorga do Título de Doutor Honoris Causa ao prof. Newton da Costa.
Dia 18 de agosto
Sala 506 CCHLA
08:00 às 11:30 Comunicações:
1) Stanley Kreiter - Ceticismo, “Razões Conclusivas” e Lógica Epistêmica.
2) Dídimo Matos - A lógica paraconsistente de Newton da Costa.
3) Maíra Vasconcelos - Relações semióticas entre matemática e física.
11:30 às 14:00 intervalo
Sala 500*
14:00 – Prof. Dr. Matias Francisco Dias - Hierarquias Aritméticas.
15:00 Debate.
16:00 – Prof. Dr. Ricardo Silvestre - Paradoxo da loteria, Plausibilidade e as Duas Abordagens da Indução
17:00 – Debate
18 às 19:00 Intervalo.
Sala 500*
19:00 Prof. Dr. André Abath - Como vencer a batalha contra o cético: Um guia contextualista.
20:00 Debate
Dia 19/08
Sala 500*
14:00 Prof. Dr Alexandre Costa Leite - Paraconsistentização de Lógicas
15:00 Debate
16 às 17:00 Intervalo
Estação Ciência
17:00 Lançamento do livro “Teoria da Recursão” de Matias F. Dias e Leonardo Weber.
Obs. Há a possibilidade de mudança de local indicado por (*) que serão efetivadas e divulgadas na abertura do evento.

Escolas de Magia no Brasil

http://pensotopia.com.br/2010/04/21/escolas-de-magia-no-brasil/

As magias em D&D são agrupadas em categorias chamadas escolas, divididas em vários níveis. Sempre que o mago progride, vai tendo acesso cada vez mais aprofundado sobre aqueles conhecimentos arcanos. É justamente este conhecimento ordenado, disciplinado e meticuloso que torna os magos os mais temíveis inimigos e os mais fantásticos dos heróis.

Tudo isto porque os jogos se baseiam na Europa. Imaginem se fossem baseadas no Brasil. Retorno com um conto bem-humorado que fazia tempos que não escrevia no Pensotopia.

Carlinho era um aprendiz de feiticeiro, cuja mãe trabalhava em uma padaria durante o dia e numa taverna à noite, chegando sempre muuuito tarde. Foi com muito mais que suor, que Cremilda – a mãe de Carlinho – conseguiu juntar algumas peças de ouro para mandar seu filho para ser aprendiz de uma Escola da Magia Pública de Pensotópolis.

A escola era gratuita, mas para quem morava no interior – além das ruínas dos exilados- chegar nela não era tarefa fácil. Carlinho caminhava pelas estradas tortuosas e descobria as vantegens de estar com dinheiro na algibeira. Os orcs que se escondiam no local e ficavam o tempo todo jogando bola com a cabeças dos viajantes, sempre poupavam a vida miserável do garoto, pois ele sempre lhes trazia ouro e lanche.

Sem ouro, maltrapilho e surrado, Carlinho chegava à escola: velha, suja, mas gratuita. A primeira coisa que o menino fazia quando chegava era ir ao refeitório. Ele, no começo, destestava aquela comida que parecia uma geléia ocre, porém descobriu que a geleia ocre era servida no jantar e ficou mais aliviado.

A professora de Necromancia faltou. O de Evocação estava de atestado-clérigo, devido a sérios danos sofridos, após uma emboscada sofrida após as aulas, supostamente por alunos de último ano. Com as duas primeiras aulas vagas, Carlinho ia passar o tempo na biblioteca arcana, um local cheio de tábuas de argila pesadas, onde estavam escritas magias. Os pergaminhos eram muito caros e os livros mais ainda, portanto os estudantes tinha que se virar com as plaquinhas de cerâmica. Boa parte do acervo estava depredado, os alunos costumavam quebrar os feitiços utéis assim que aprendiam ou mesmo quando não conseguiam aprender. As magias mais raras era surrupiadas pelos elfos doméstico, que revendiam-nas para alunos de escolas particulares de magia.

Basicamente, ficar na biblioteca era um pretexto para fugir das aulas, não havia lugar para se concentrar por ali. Soava a magia Alarme, anunciando a terceira aula. O professor de Abjuração era um clérigo que também acumulava a função de professor de Profecia. A titular dessa cadeira , dava aulas em três escolas diferentes e para manter o quarto emprego, pagava ao clérigo para substitui-la.

Hora do lanche. Não havia lanche. Carlinho tentava matar a fome com um poção de cura trazida por um coleguinha da turma. Os ogros da cantina reclamavam que a comida que tinha chegado, já tinha desaparecido, como por mágica. Na sala do Diretor…um cheiro de néctar e ambrosia pairava no ar. Terminado o intervalo, os alunos voltam pra casa. Só alguns mais insistentes – como Carlinho- decidem continuar a assistir as últimas aulas do período. “Só porque a escola não tem água no fosso, não quer dizer que precisemos ir pra casa, antes da última aula”, dizia ele.

4ª Aula, Conjuração/Convocação.

O caso do professor de Conjuração era ainda mais absurd. Guerreiro veterano, já tinha visto muitos magos convocarem estranhas criaturas para enfrentá-lo. Por causa disto, se considerava um expert em magias de convocação, não através do estudo arcano e sim pela experiência. Passava o tempo todo contando como matava os monstros, mas nada dizia como trazê-los para o campo de batalha. O diretor sabia que o professor não era um mago de verdade, os alunos sabiam que não era um mago de verdade, os colegas professores sabiam que o guerreiro não era um mago de verdade. Até o Conselho de Magia sabia da verdade, mas preferiam ter alguém do que ficar sem professor na sala. Como fazia vinte anos que não era realizada nenhuma seleção para Arcano Efetivo, o Conselho preferia fazer vista grossa para esses pequenos incidentes.

O professor de Encantamento/Feitiço, um jovem de manto vermelho, barba grande e dedo em riste, estava no pátio conclamando os alunos e professores para paralisarem suas atividades em buscas de melhores laboratórios, grimórios e recursos para continuarem suas pesquisas. A professora temporária de Transmutação, se transmutou em pássaro exótico e voou para a sala do diretor, sugerindo que ele mandasse mensagem para o Conselho de Magia comunicando o futuro motim. A professora estava lá, graças a um parente trabalhando no Conselho de Magia e recebia alguns gratificações devido a um caso que ela tinha com o Diretor. Nem adiantava ela se metamorfosear para entrar na diretoria, todos conheciam o requebrar de galinha dela… em qualquer forma.

6ª Aula

O professor de Ilusão passava a aula toda paquerando as meninas e soltando piadas. Sua aula era mesmo uma ilusão, mas no fim todos tiravam notas boas era o que se dizia, por isso ninguém se importava.

Hora do Almoço

A escola deveria ser em tempo integral, mas na prática aquilo não funcionava. A parte vespertina servia para os alunos tirarem dúvidas com os monitores e a para as aulas de Educação Psíquica. Carlinho tinha que caçar a sua própria comida. Alguns ex-alunos que freqüentavam a escola arranjavam um pouco de almoço, se Carlinho fizesse algumas entregas para eles: uns saquinhos com pó-mágico (que servia tanto para levitar, como fazer viagens astrais). Era graças a “bondade” daqueles ex-alunos, que Carlinho tinha forças de ficar à tarde.

Os monitores apelidavam Carlinho de “o traça-de-livro”. Em geral, ele era o único que ia lá às tardes, para tirar dúvidas, mas nem sempre os monitores faziam direito a tarefa. Ao invés de passarem magias de conjuração, feitiço ou evocações para ele praticarar, ficavam apenas ensinando alguns truques, para gastar tempo.

Nos treinos de Educação Psíquica a coisa apertava. Um professor rigoroso obrigava todos darem 20 voltas mentais no universo, erguer pesos de 50 etereons e mergulharem nas profundezas dos próprios traumas de darem 100 braçadas nelas.

No tempo livre, Carlinho ainda podia visitar as eternas futuras instalações do Labortarório de Poções, prometido desde a última Era. E também meditar na sala de meditação, antigo banheiro dos elfos domésticos, que misteriosamente conseguiram instalações melhores. Dentro do banheiro foi onde encontrou uma velha vassoura voadora, com a qual podia voltar para casa, sem ter que passar pelos orcs de novo.

Carlinho não tinha tido aulas de conhecimento dos monstros. Carlinho não sabia que dragões podiam voar. Carlinho foi um alvo fácil para os dragões. Ao ser pego, o lagartos gigante lhe falou:

- Eu poderia comê-lo insignificante criatura, mas que tipo de monstro terrível eu seria se você fosse libertado desta forma. Seu castigo é ter que ir para escola, para você estudar bastante e se tornar um mago. Porém, se você abandonar os estudos eu destruirei a sua aldeia!

E o pobre Carlinho respondeu:

- Mas por que você quer que estude?

E o dragão respondeu:

- Porque quanto mais magos se formarem nela, mais fácil será de dominar seu reino no futuro. E se você ficar andando pelas ruas, poderá se tornar um poderoso guerreiro sem instrução.

Carlinho, sem escolhas, decidiu fazer o que o dragão mandou. Aos trancos e barrancos, depois de greves, decapitação dos revoltosos pela milícia dos rei, falta de grimórios e varinhas, cajados e bastões, ele concluiu tudo. Voltou para casa com o seu diploma, mas sem saber usar uma bola de fogo. Carlinho, temendo as palavras do dragão que o capturara a muito tempo atrás, começou a sentir medo e angústia, só encontrando a paz no Templo da esquina. Carlinho passou a trabalhar de ajudante de padeiro na mesma padaria que sua mãe trabalhava, ajudando a acender o fogo com magia. Todo fim do mês, o dízimo do que ele ganhava, uma moeda de ouro, ia para os cofres do templo, que já se preparava para abrir uma nova filial.

O plano do Dragão estava sendo executado perfeitamente.

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Concurso premia produções sobre valores

http://www.pnud.org.br/educacao/reportagens/index.php?id01=3536&lay=ecu

Reportagens
Brasília, 09/08/2010

Trabalhos sobre temas como compreensão, respeito, responsabilidade e tolerância podem ser inscritos na competição Valores Fora do Eixo

BRUNO MEIRELLES
da PrimaPagina

Estão abertas as inscrições para o concurso Valores Fora do Eixo, que vai premiar produções artísticas que enfatizam temas como compreensão, respeito, responsabilidade e tolerância. A competição tem por objetivo incentivar a prática e gerar reflexão sobre estas ações, que serão o assunto do RDH (Relatório de Desenvolvimento Humano) Brasil 2009/2010.

O evento é resultado de uma parceria entre o PNUD e o Circuito Fora do Eixo, rede de intercâmbio entre profissionais da cultura, como atores e músicos, espalhados por cerca de 50 municípios.

Flavio Comim, coordenador do RDH do país, explica a importância dos valores que são o tema da competição. “Eles funcionam como guias das nossas ações, orientam nossa conduta. A ausência deles implica dificuldades para promover a justiça social. Por exemplo, para melhorar a educação, é necessário incrementar a convivência nas escolas. Já no caso da violência, é necessário trabalhar esses valores na família, que é a base do problema.”

O PNUD selecionou o tema do relatório brasileiro após uma consulta popular e aberta que fez a seguinte pergunta a cerca de 500 mil pessoas: “O que deve mudar no Brasil para sua vida melhorar de verdade?”.

Segundo Ricardo Jatobá, um dos organizadores do concurso, os pontos em comum entre a carta de princípios do Circuito Fora do Eixo e a campanha Mostre o Seu Valor, através da qual o PNUD busca estimular a reflexão sobre o tema do RDH, motivaram a parceria.

“O que mais chamou nossa atenção é o pessoal do circuito falar em substituirmos o valores de individualismo pelos de associativismo e coletivismo, que é uma das coisas que buscamos com a campanha”, afirma.

Regulamento

As produções podem ser apresentadas nos idiomas português e espanhol. Estes últimos, porém, devem ter legenda ou tradução em português. Os interessados em participar devem ler o regulamento e preencher a ficha de inscrição disponível no endereço www.valores.foradoeixo.org.br e enviá-la por email para mostreseuvalor@foradoeixo.org.br até 2 de setembro.

Os artistas podem concorrer com trabalhos de música, literatura, cinema e artes visuais, que incluem desenho, design, gravura, escultura, grafite, ilustração, moda, colagem, montagem, pintura e poesia visual. Dúvidas sobre o envio de produções podem ser sanadas pelo telefone (61) 3038-9105 ou pelo regulamento, publicado no site do concurso.

Uma comissão formada por representantes do PNUD, do Circuito Fora do Eixo e por profissionais de reconhecida atuação em cada categoria irá avaliar os trabalhos, levando em conta sua adequação ao tema e o seu valor artístico. O resultado sairá até 14 de setembro.

As produções vencedoras terão divulgação feita por meio das empresas parceiras do PNUD no RDH e receberão destaque no site oficial do concurso e no da campanha Mostre Seu Valor (www.mostreseuvalor.org.br). Além disso, participarão de ao menos cinco festivais do Circuito Fora do Eixo, entre setembro e dezembro.

================================================

http://www.pnud.org.br/cidadania/reportagens/index.php?id01=3533&lay=cid

São Paulo, 03/08/2010
PNUD divulgará índice de valores humanos
Indicador inédito será apresentado em Brasília na próxima terça, com terceiro caderno do Relatório de Desenvolvimento Humano Brasil

da PrimaPagina

O PNUD vai divulgar na próxima terça-feira (10) o terceiro caderno do Relatório de Desenvolvimento Humano (RDH) Brasil 2009/2010. A publicação trará sugestões de políticas públicas para promoção de valores humanos e divulgará um indicador inédito, o IVH (Índice de Valores Humanos).

O IVH terá as mesmas três dimensões do IDH (Índice de Desenvolvimento Humano): saúde, conhecimento e padrão de vida. Assim como o indicador calculado e divulgado anualmente pelo PNUD, ele vai variar de 0 a 1 (quanto mais próximo de 1, maior). O cálculo é baseado em entrevistas feitas pelo Instituto Paulo Montenegro, ligado ao Ibope.

“O IDH foca resultados. O IVH desloca a atenção dos resultados para os processos”, afirma Flávio Comim, economista do PNUD e organizador do relatório. “O novo índice retrata a vivência das pessoas e a opinião da sociedade sobre essas vivências.”

O caderno será apresentado em Brasília, e faz parte de uma série de publicações ligadas ao RDH Brasil 2009/2010. Na primeira etapa da elaboração do relatório, foram coletadas respostas de 500 mil pessoas, durante a campanha Brasil Ponto a Ponto. Todas responderam à questão “O que deve mudar no Brasil para sua vida melhorar de verdade?”.

A partir das respostas, ficou definido que o assunto seriam “valores”. Já em uma segunda etapa, o PNUD encomendou uma pesquisa ao Ibope para averiguar quais eram, na avaliação dos brasileiros, os valores mais importantes.

==================================================

http://www.pnud.org.br/administracao/reportagens/index.php?id01=3531&lay=apu

João Pessoa, 05/08/2010
Rede pró-ODM quer mais capacitação na PB
Movimento Nós Podemos Paraíba pretende defender treinamento e renda junto ao Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social

DANIELLE BRANT
da PrimaPagina

O movimento Nós Podemos Paraíba, que reúne 77 organizações empresariais e do terceiro setor, além de instituições do governo, vai priorizar a defesa de políticas de capacitação em sua atuação no Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social da Paraíba.

A estratégia proposta é mesclar treinamento com garantia de ocupação e de renda, segundo a coordenadora do movimento, Núbia Gonçalves. “Capacitar é muito importante, desde que você atenda às necessidades do estado e gere renda para os trabalhadores”, afirma ela, que ressalta que estimular a criação de emprego é um fator fundamental para reduzir as desigualdades sociais.

O Nós Podemos Paraíba, um dos frutos estaduais da campanha nacional em prol dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, foi convidado em maio, pelo governo paraibano, a ocupar um assento no conselho.

“Os integrantes do conselho viram que o movimento tinha uma missão maior, que poderia contribuir muito para o desenvolvimento das políticas públicas e também para a melhoria das questões da Paraíba”, afirma Núbia, que representa a entidade no órgão estadual. “A palavra do movimento representa um conjunto, uma decisão de organizações diferenciadas, o tempo que levaria para tratar com cada uma isoladamente seria bem maior. O movimento tem força aglutinadora de representação e é um grupo de pressão”.

O grupo também pretende defender outros pontos no conselho, como melhoria da assistência técnica para a agricultura familiar, reforço ao apoio às micro e pequenas empresas e fortalecimento da aplicação do Estatuto da Criança e do Adolescente .

Outro foco de atenção do grupo é o combate às drogas no estado, principalmente ao crack. “Ele está muito presente na vida da população daqui, tanto nas classes mais ricas quanto nas mais pobres”, afirma a coordenadora do Nós Podemos Paraíba. Em vez de criar novas ações, a ONG prefere apoiar campanhas já existentes, como a Crack Nunca Mais, e apostar na força das redes sociais para mostrar como essa droga é devastadora.

Irreligiosidade Europeia

http://notasaocafe.wordpress.com/2010/08/10/irreligiosidade-europeia/

A proporção de pessoas que participam em serviços religiosos tem vindo a diminuir na Europa nos últimos anos e de uma forma acentuada. Mas os hábitos, naturalmente, variam entre países. De acordo com um estudo do European Social Survey realizado em 2008 e 2009, cerca de 60 por cento dos checos afirma nunca participar em serviços religiosos, com a habitual excepção dos “casos especiais”, como casamentos e baptizados. França, Reino Unido e Bélgica são também países com fortes tradições seculares, com metade da população a nuca ir a um serviço religioso. Os mais religiosos, dos 28 países sujeitos a este estudo, são os gregos e os cipriotas, onde apenas 4,9 por cento e 2,4 por cento, respectivamente, da população nunca vão a qualquer tipo de serviço religioso.

[Fonte: The Economist]

Os melhores alunos da série anterior em uma mesma turma

http://www.educacaopublica.rj.gov.br/discutindo/discutindo.php?cod_per=110

Colocar na mesma turma os melhores alunos da série anterior traz
melhores resultados?
Sugestão de Fátima Caetano

Creio que sim. Facilita o professor, facilita a quem quer realmente
aprender, quem não quer, não adianta muito, pois o professor não faz
milagres com uma turma problemática, e acaba também sendo prejudicado.
Selecionar não significa discriminar o aluno; mas alertá-lo pelos seus
atos, comportamento, interesse em sala de aula.
Uma turma com problema, por mais que o professor tente, tenha uma
tamanha paciência, as vezes não se salva. E no final do ano, ficam os
pais correndo atrás da escola, do professor, pedindo notas, querendo
conversar, ao passo que os pais também são responsáveis pela atitude
da escola.
Enfim, fica muito fácil para os pais culpar o professor e a escola,
mas eles também deveriam acompanhar seus filhos.
Sou a favor.

Carmen Manangão, 02/11/2008

Sim, pois o professor terá mais facilidade para desenvolver as
atividades e as matérias. Uma sala heterogênea acaba criando uma certa
desigualdade de tratamento e, ao invés de incluir, acaba excluindo.

CARLA RENATA BBORGES HIRLE, 27/10/2008

Acredito que sim, se o professor souber articular suas práticas e
teorias pedagógicas. Diversos experiências já vem ocorrendo nesse
sentido e têm dado resultados positivos pois os melhores alunos podem
e gostam, em sua maioria, de contribuir agindo como monitor de
pequenos grupos dentro da própria sala de aula e os alunos por falarem
e possuirem um vocabulário próprio conseguem muitas vezes elucidar
dúvidas dos colegas com mais dificuldades e, além disso, os laços de
amizade podem ser estreitados. Isso, é claro, com total acompanhamento
do professor da turma, oferecendo suporte para ambos os grupos e
incentivando-os a estudar e pesquisar juntos.

Rosangela Rodrigues Dutra Dias, 27/10/2008

Para essa reflexão deve-se fazer algumas ponderações como, por
exemplo: os melhores alunos da série anterior, geralmente, são alunos
disciplinados no tocante o ato de estudar, isso é ponto a favor, porém
por mais que se tente homogeinizar uma sala de aula, ela sempre trará
a heterogeneidade que cada individuo, na sua particularidade, carrega.

ROSANGELA BRUNO FERNANDES, 25/10/2008

Sim. Pois se os alunos forem divididos de acordo com o desenvolvimento
do ano anterior, poderá ser feito um melhor trabalho voltado para cada
turma. Os alunos com um potencial de aproveitamento maior, poderão
receber um ensino mais acelerado do que aqueles que tem mais
dificuldade de apendizagem. Quando a turma está diversificada o aluno
que aprende com mais facilidade que os demais acaba ficando disperso,
quando recebe a informação num processo mais lento. O ideal é sabermos
trabalhar dando a este aluno a informação mais rápida. Não estamos
discriminando o aluno que tem maior dificuldade de aprendizagem. Para
este aluno será dada a oportunidade de aprender de uma forma mais
voltada para atender suas dificuldades. Com isso estaremos
trabalhando, atendendo de forma individualizada os problemas de cada
turma.

solange iara, 22/10/2008

Fala-se muito em discriminação do pobrezinho, mas o que vemos na
realidade é a apologia da mediocridade, o nivelamento dos alunos pelos
padrões mais baixos. A classificação é uma necessidade, não somos
iguais em nossas competências e nem em nossas potencialidades. Não
podemos confinar bons alunos, futuros líderes e possivelmente melhores
políticos e legisladores, ao oceano medíocre “formado” todos os anos.
Obviamente, a classificação exige ponderação e clareza, pois o
objetivo é trazer os alunos menos desenvoltos à qualidade esperada dos
outros, mais produtivos. A riqueza e o desenvolvimento do país (e da
nação…) dependem disso.

Mauro Henrique Souza da Silva, 22/10/2008

Não é a forma correta de se formar uma turma, porém não é justo
mantermos parados alunos que podem ir além de seu desempenho, devido a
boa parte da turma que não que se desenvolve intelectualmente. A
solução é ensinarmos a estes alunos, que educação é sinônimo de
desenvolvimento pessoal e, conseqüentemente, desenvolvimento nacional.
Não se trata de rotular os mais espertos x menos espertos, mas a
oportunidade de se prestar mais atenção àqueles que sofrem com a
dificuldade de aprender e assim poder elaborar um trabalho mais
voltado a necessidade do aprendente e criar um plano que eleve a
possibilidade daqueles que conseguem desenvolver com mais facilidade a
capacidade de aprender.

PATRÍCIA DA SILVA SANTOS DA COSTA, 21/10/2008

Apesar de não concordar com essa atitude e entendê-la como uma ação
excludente, pode ser que se obtenha algum resultado, já que os pares
interagem em prol do crescimento do grupo.

Isabela Calheiros Lopes de Mendonça, 21/10/2008

Batalhão de Operações Policiais Especiais (BOPE) da PMERJ

http://www.sempretops.com/filmes/saiba-tudo-sobre-o-batalhao-de-operacoes-especiais-bope/

O Batalhão de Operações Policiais Especiais (BOPE) é uma tropa de elite da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro, Brasil.A tropa é adotada em operações de alto risco, em especial incursões em favelas e confrontação com narco-traficantes. Faz uso constante de armamentos muitas vezes restritos às Forças Armadas Brasileiras, como por exemplo a metralhadora antipessoal Heckler & Koch HK21 A1 calibre 7.62×52mm OTAN, uma arma de fogo que já foi utilizada pelas tropas de elite GSG-9 alemãs e ainda se encontra em uso por tropas de países como Portugal e Paraguai. A fabricação desse armamento foi descontinuada na Alemanha, seu país de origem, após as forças policiais alemãs adotarem a versão mais moderna HK21E. Hoje em dia é produzida, sob licença, no Mexico, Portugal e Grécia.

Histórico

O BOPE foi criado em 19 de janeiro de 1978 como Núcleo da Companhia de Operações Especiais (NuCOE), através de um projeto elaborado e apresentado pelo então Capitão PM Paulo Cesar Amendola de Souza ao Comandante-Geral da PMERJ, à época, Coronel EB Mário José Sotero de Menezes.

Na década de 1980 foi elevado a categoria de Companhia de Operações Especiais (COE), mudando pouco depois de denominação, após ganhar autonomia administrativa, para Companhia Independente de Operações Especiais (CIOE). Em 1991 é finalmente transformado em Batalhão, mantendo-se ainda aquartelado no Regimento Marechal Caetano de Farias, sede do Batalhão de Polícia de Choque entre outras unidades policiais.

No ano de 2000 ganha instalações próprias, localizadas na comunidade Tavares Bastos, no bairro de Laranjeiras, na Zona Sul da capital fluminense.

Veículos blindados – “Caveirões”

O BOPE possui veículos blindados mais conhecidos como Caveirão[1] veículo este que é utilizado, principalmente, em operações em favelas onde há conflito com traficantes. Não há armas de fogo diretamente acopladas ao Caveirão: as armas utilizadas são levadas pela equipe de policiais embarcados. Um de seus principais usos é romper barreiras físicas, sendo ainda adotado no resgate de feridos em confrontos.

O Caveirão tem-se tornado um instrumento “popular” ao prestar auxílio às forças policiais. Hoje as Polícias Civil e Militar já contam com oito viaturas desse tipo, sendo uma delas pertencente a Polícia Civil e as demais da Polícia Militar. Foram batizados de “Pacificadores”, apesar de todos eles possuírem a alcunha de “Caveirões”, o nome do primeiro blindado adquirido pela PMERJ.

Armamentos disponíveis para a os policiais do BOPE

Devido suas atuações em situações especiais, é disponibilizado armamento diferenciado aos policiais que servem no BOPE. Alguns deles:

* Fuzil M16 calibre 5.56×45 (Submetralhadora)
* Fuzil FAL calibre 7.62×51 fabricado pela IMBEL
* Fuzil Pára-FAL calibre 7,62×51 fabricado pela IMBEL
* Fuzil Colt M4A1 calibre 5.56×45
* Fuzil AK 47 calibre 7.62×39
* Fuzil HK G3 calibre 7.62×51
* Fuzil-metralhadora MADSEN calibre 7.62×51 com bipé (arma antiga, com carregador curvo montado sobre a caixa)
* Carabina M-1 calibre .30
* Espingarda Benelli M3 (modelo Pump-action)
* Pistola Taurus PT 92 calibre 9mm
* Pistola Taurus PT 100 calibre .40
* Submetralhadoras HK MP5 e MP5K calibre 9mm
* Submetralhadora FN P90 calibre 5.7×28
* Metralhadora leve HK21 A1 calibre 7.62×51

Treinamento de Artes Marciais para os policiais do BOPE

Devido as missões de alto risco em que o BOPE enfrenta, seus integrantes devem estar preparados para o máximo de desdobramentos possíveis, incluindo o combate corpo-a-corpo. Sendo assim, procuram estar informados e treinados em diversos tipos de Artes Marciais, tais como:

* Ving Tsun – Arte Marcial de origem Chinesa
* Jiu-Jitsu – Arte Marcial de origem Indiana e aprimorada no Brasil apartir das técnicas de Ne Waza do Judô “Brazilian Jiu Jitsu”
* Muay Thai – Arte Marcial de origem Tailandesa
* Kombato – Sistema de defesa pessoal de origem brasileira
* Krav Magá – Sistema de defesa pessoal de origem israelense
* entre outras.
Ingresso

Há a necessidade de o candidato ser policial militar há pelo menos dois anos, possuir condicionamento físico excelente, assim como ser aprovado nas avaliações médica e psicológica. São duas as modalidades de curso, uma para cada uma das divisões do batalhão.

* Curso de Ações Táticas (CAT): Tempo de duração de dois meses, direcionado ao resgate de reféns.
* Curso de Operações Especiais (COEsp): de três a cinco meses, prepara o policial para intervenções em áreas de conflito.

Existe ainda o Curso de Patrulhamento em Áreas de Alto Risco – CPAAR, que é aplicado à cadetes do 2º ano da Academia de Polícia Militar Dom João VI, voluntariamente, bem como o Estágio de Aplicações Táticas, realizado também para os cadetes do 3º ano da APM Dom João VI, obrigatoriamente, e às praças de outras unidades da PMERJ, de acordo com calendário fixado pela Corporação.
O filme

Tropa de Elite (filme)

Estreou nos cinemas brasileiros em 12 de outubro de 2007 o filme Tropa de Elite, que é inspirado nas ações do BOPE em suas incursões nas favelas da cidade do Rio de Janeiro.

O filme é do cineasta José Padilha, e foi baseado no livro Elite da Tropa, escrito pelos integrantes do BOPE André Batista e Rodrigo Pimentel, em parceria com o antropólogo Luiz Eduardo Soares. O enredo do livro baseia-se em relatos históricos vividos pelos policiais e em relatos semifictícios da rotina do batalhão.

Tropa de Elite tem como protagonista o ator Wagner Moura, no papel de um oficial do BOPE. Para cuidar dos efeitos especiais, como tiros e explosões, Padilha chamou o especialista Phil Nelson, coordenador de dublês do filme Falcão Negro em Perigo, de Ridley Scott. “O filme aborda o problema da violência urbana do ponto de vista dos policiais”, explica o diretor.

Padilha confessou ter se impressionado com a reação popular ao filme. Segundo o diretor, o filme é uma crítica clara contra a violência e a tortura e não um suporte à violência policial. Wagner Moura disse duvidar que moradores de países como Finlândia ou Suíça veriam tais policiais como heróis, ao passo que muitos brasileiros claramente nutrem um certo respeito pelo Cap. Nascimento.[1]

O Cap. Pimentel, ex-membro do BOPE, co-autor do livro que deu origem ao filme e que serviu de inspiração para o personagem interpretado por Wagner Moura, disse que o filme surgiu em um momento delicado pelo qual passa a cidade do Rio de Janeiro, envolta pelo caos e violência. O capitão, que possui uma surpreendente semelhança física com o ator, em uma entrevista fornecida pouco após o término da operação policial que antecedeu a chegada do Papa à cidade e a qual liderou, afirmou: “a policia esqueceu a sua missão principal. Não estamos mais aqui para servir e proteger, mas apenas lutando nossa pequena guerra particular contra os traficantes”. A desilusão que se seguiu fez com que o capitão deixasse o BOPE em 1998. A frase “Guerra Particular” foi adotada pelo cineasta João Moreira Salles para entitular o documentário “Notícias de uma guerra particular”, do qual a entrevista citada faz parte.

Reação Internacional

Segundo o documentário “Wardogs” produzido em 2005, o BOPE foi considerado (por seus idealizadores) a melhor polícia de operações especiais do mundo, onde um membro da Guarda Nacional dos Estados Unidos supostamente chamado Bain Serna passa cinco semanas com o batalhão [2]. Após o documentário, Serna declarou a um jornal do Texas: “É a melhor equipe de combate urbano do mundo. Nossas tropas no Iraque deveriam aprender com o BOPE”.

Um projeto americano sobre Execuções Extrajudiciais da Universidade de Direito de Nova York, por outro lado, acusou o BOPE de matar quatro adolescentes sob a falsa alegação de serem traficantes que resistiram prisão. Tal projeto acusou o BOPE de plantar evidências de crimes que não ocorreram.[2] A Anistia Internacional também condenou os métodos usados pelo BOPE, especificamente o uso do “Caveirão”, e atribuiu um grande número de mortes de civis inocentes ao batalhão. [3]

Segundo o jornal New York Times [4], no tempo em que a história se passa no filme “Tropa de Elite”, o BOPE possuía 120 membros e era considerado “O céu para os policiais honestos do Rio de Janeiro”. Hoje em dia, a força cresceu, incorporando mais de 400 homens, e sua fama de incorruptível em parte se desfez, apesar de sua reputação de brutal e violenta ter permanecido inquestionável.

Há que se lembrar também de sua desastrosa atuação durante o seqüestro do ônibus 174 no Rio de Janeiro onde, devido a imperícia de seus membros, a professora Geisa Gonçalves acabou sendo morta. O sequestrador, Sandro do Nascimento, foi assassinado por asfixia pela polícia, minutos mais tarde.

Outras unidades de elite

* ROTA (São Paulo)
* SWAT (Los Angeles)
* GSG 9 (Alemanha)
* Sayeret Matkal (Israel)
* Special Air Service – SAS (Reino Unido)
* Delta Force (EUA)
* Special Air Service Regiment – SASR (Austrália)
* Kommando SpezialKraefte – KSK (Alemanha)
* Groupe d’Intervention de la Gendarmerie Nationale – GIGN (França)
* Karhuryhmä (Finlândia)

Para comandante do Bope, declaração de Stallone demonstra ignorância

http://extra.globo.com/geral/casodepolicia/posts/2010/07/23/para-comandante-do-bope-declaracao-de-stallone-demonstra-ignorancia-310529.asp

Enviado por Ana Carolina Torres - 23.07.2010 – 16h00m
Polêmica

O comandante do Batalhão de Operações Especiais (Bope), tenente-coronel Paulo Henrique Azevedo Moraes, comentou, na tarde desta sexta-feira, a declaração do ator Sylvester Stallone, sobre o símbolo da unidade: ”Os policiais de lá usam camisetas com uma caveira, duas armas e uma adaga cravada no centro; já imaginou se os policiais de Los Angeles usassem isso? Já mostra o quão problemático é aquele lugar”.Para Paulo Henrique, a declaração demonstra ignorância:

- Ele ignora o que o símbolo significa. Pode entender muito de cinema, mas de simbologia, não.

O oficial explicou que a caveira, obviamente, representa a morte, mas o punhal fincado nela muda esse significado. Segundo o tenente-coronel, o símbolo traduz a superação da morte.

- Para enfrentar situações difíceis e perigosas, precisamos desenvolver em nossos homens a superação sobre o medo da morte – disse.

Paulo Henrique terminou dizendo que “para falar sobre um assunto, a pessoa tem que entender sobre ele”:

- Se eu começar a falar de cinema, com certeza vou falar besteiras. Então, prefiro ficar quieto.

O polêmico debate da divisão de turmas por desempenho

http://escolaemrede.blogspot.com/2010/02/o-polemico-debate-da-divisao-de-turmas.html

Postado por Escola em Rede às 18:25 . terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Existe, principalmente no meio acadêmico, o medo de colocar em discussão a divisão de turmas de alunos por desempenho. Recentemente participei de um debate com professores do município de Baraúna-RN e junto com outros colegas defendemos a ideia. O grupo defensor desta ideia apresentou argumentos e exemplos práticos muito mais convincentes. Já o grupo que não defende a ideia apresentou a esclusão como única justificativa para não executá-la.
Pensando em colaborar com a continuidade do debate, resolvi publicar na íntegra o texto de Maurício Fernando Bozatski, que defende a ideia. Leia, reflita e faça seu julgamento.

Penso que seja correto separar as turmas com base no desempenho. Vou apresentar minhas razões:

Enquanto professor da rede pública de ensino sei que o meu papel é oferecer educação de qualidade a todos, não obstante, há aqueles que não desejam ser instruídos, não entendem porque estudam, e, numa turma com 40 alunos podem atrapalhar o desempenho daqueles que eventualmente estão interessados, ou seja, não enxergam um propósito na educação, e se o professor insiste em mostrar isso, torna-se um vilão para tais alunos. Assim, entramos numa questão que remete ao conceito de “Justiça”, direitos e deveres. Não é justo que aquele estudante que possa ser potencializado deva esperar pelos demais porque estes possuem o direito de aprender e serem iguais. Onde fica o direito do estudioso?

Esta divisão não pode ser uma segregação, mas apenas uma espécie de nivelamento, assim, os alunos sabem que se melhorarem seu desempenho poderão passar de uma a outra turma.

Sei que muitos dirão que isto é desumano, discriminatório, etc., mas não é possível tentar que a escola ensine dissociada do contexto social, oferecer educação como se fazia na Idade Média se na sociedade atual apenas obtêm êxito as pessoas empreendedoras, comprometidas e responsáveis. Penso que é melhor que os estudantes aprendam isto na escola enquanto ainda é possível corrigir seus hábitos. Depois, no mundo do trabalho, aprender tais lições pode ser um processo bem mais doloroso e amargo.

A sociedade é assim, com seus concursos, vestibulares, currículos, etc., a escola não pode preparar indivíduos para atuar num plano diferente. Quando a sociedade mudar, a escola deve acompanhar, mas por enquanto isto é assim. Não adianta culpar a escola. Todo o sistema político e econômico está organizado desta forma. E aqui muitos irão objetar dizendo que é na escola que a transformação social começa, será que isto é verdade? Basta olhar para o passado e ver que grande parte dos paradigmas científicos e tecnológicos foram estabelecidos por um indivíduo ou por um pequeno grupo isolado. Acredito que a escola não tenha poder para mudar a sociedade, mas sim o indivíduo, e este sim por sua vez pode criar inovações que transformem profundamente a sociedade. Basta olhar para o recente advento da Tecnologia da Informação. Temos um Orkut (Sim, Orkut é uma pessoa), um Bill Gates, um Steve Jobs. Criando seus Windows, Ipodes, sites de relacionamento e de busca que re-configuram o modo de organização social.

Escolas da rede privada tendem a nivelar seus estudantes com aulas de reforço, estudos orientados, então a diferença entre os alunos é minimizada, mas o que está em questão aqui é o ensino público. Portanto, é mais mesquinho colocar na mesma turma estudantes comprometidos e com potencial junto a adolescentes tendenciosamente mal-intencionados, que vão canalizar para si e para suas travessuras toda a energia do professor, que irá se desmotivar pouco a pouco até perder o entusiasmo por toda a turma, até o nível do desinteresse total, destruindo o processo educacional através da criação de sistemas de repressão como provas rígidas e outros trabalhos afins, no intuito de tentar fazer com que os maus alunos comecem a estudar mais. Assim, os bons alunos perdem a oportunidade de se desenvolver mais.

Destarte, toda a escola pública acaba por se tornar uma casta em que uma ínfima parcela terá oportunidades na vida.

O objetivo da educação é aperfeiçoar aqueles que desejam, potencializar para o aperfeiçoamento aqueles que são capazes e educar, no sentido de aprimorar a humanidade, aqueles que resistem ao processo educacional.

Aprender com diferenças físicas, culturais e sociais é muito importante, mas fazer com que os bons paguem (desperdicem suas chances) pelos maus, transcende o âmbito da educação, passa a ser uma questão de justiça, ou da falta dela.

Ademais, sou mais radical, deve-se fazer análise de desempenho também dos professores, e direcionar os melhores para os alunos com mais vontade de aprender. Atirar pérolas aos porcos vá lá, mas vê-las rejeitadas por pessoas interessadas apenas em toda sorte de maldade e não no processo educacional, é inadmissível.

Da mesma forma que defendo uma inicial triagem e disposição diferenciada dos alunos em turmas, também sou a favor de análise de desempenho e recompensa para os melhores professores. Só assim a rede pública será valorizada.

Na rede pública de ensino norte-americana existe já na primeira série a distinção entre os “avarege” e os “honour students”, e até o diploma deles é diferente, desta forma não há necessidade de vestibular, este sim que é injusto, pois o trabalho de toda uma vida estudantil se resolve em apenas uma ou duas provas que determinarão o futuro do estudante. E os professores também são nivelados de acordo com a competência e não com o tempo de serviço, como acontece na rede pública do Brasil.

Os melhores professores estarão aprimorando os melhores alunos. Isto não está fechado em castas, basta que o indivíduo se esforce mais e passe para o melhor grupo, isto não é desumano, no futebol há titulares e reservas e ninguém diz que é errado tal divisão. O importante é o bem coletivo, o aprimoramento da sociedade, o desenvolvimento tecnológico e científico do país, e nisto, os Estados Unidos precisam ser respeitados. Podemos sonhar com o mesmo? Ou devemos continuar com esta educação com traços do positivismo e do socialismo utópico, carcaças em decomposição do século XIX?

Podem objetar dizendo que estou tratando de extremos e colocando de um lado os superdotados e de outro os marginais, e que estes não podem ser levados em conta quando se trata de um planejamento educacional. Não estou tratando de extremos. Aliás quando alguém diz que se deve excluir radicalmente os mal intencionados, aí me parece residir o extremo. Eu acredito que a educação deve operar tanto para os bons quanto para os maus, em escalas, direções e objetivos diferentes. É por isso que eu leciono numa penitenciária. Eles, que já foram ou ainda são, em parte, alunos mal intencionados precisam de orientação tanto quanto os bons alunos, mas de uma forma diferente. É preciso criar níveis dentro dos níveis, e assim os próprios estudantes poderão perceber o quanto evoluem ou precisam evoluir.

E uma turma apenas com bons estudantes pode gerar um estado de estagnação, sem desafios ou perspectivas? Penso que não, uma entropia nunca acontecerá no sentido do conhecimento, pois o conhecimento científico e técnico apenas evidencia para aquele que evolui o quanto ele se encontra longe da sabedoria. Se fosse assim, gênios solitários de seus tempos e lugares, como Cervantes, Kant e Shakespeare nunca teriam evoluído, pois se encontravam sozinhos no seu nível de excelência. Pelo contrário, um ambiente intelectual favorável levará ao aprimoramento das mentes dos estudantes. Se não fosse assim, centros de excelência como o Mit, Stanford, Sorbonne, entre outros, já teriam desaparecido.

Podem dizer ainda que os Estados Unidos é um país atrasado no âmbito educacional que perde espaço para os orientais. Admito que isto até pode acontecer na questão quantitativa, mas não na qualitativa. Vou citar a NASA, MIT, Harvard, Iale, Standord, para não falar da informática, da genética, da mecânica, etc. Os países orientais evoluem pelo seu grande número de pessoas e potencial para a instalação de empresas com baixo custo de encargos e salários, olhe a palmilha de seu Nike e verás que é feito na China. Os problemas estruturais destes países são dantescos. Não se engane com as olimpíadas, Moscow também fazia shows “para inglês ver” e escondia problemas estruturais sérios, e a URSS acabou ruindo. E por outro lado, a conjuntura sócio-econômica chinesa, por exemplo, não se aplica ao caso brasileiro, o salário médio na área urbana da China não passa dos U$ 100 por mês, queremos isso para o Brasil?

Países como Brasil, China, Índia e Rússia possuem grande potencial e evoluem, mas é muito mais à custa de exploração de recursos naturais e populacionais, a evolução ainda não atinge todas as classes populacionais, basta olhar para a desigualdade e a disparidade da distribuição de renda no Brasil.

Podemos copiar o sistema educacional de países que têm os melhores indicadores? Acredito que não, pois a realidade é mais complexa. Há muito tempo que a Finlândia e a Suíça têm os melhores indicadores, salários, etc., mas isto não se aplica ao resto do planeta por questões geográficas, ou seja, tamanho do território; número da população; o fato de não sofrerem uma leva de imigrantes desde as últimas invasões bárbaras; neutralidade bancária que favorece investimentos gigantescos e impostos em que a extinta CPMF parece trocado para comprar chicletes; Cidades estruturadas desde o século VIII; administração distrital; leis consolidadas; não é necessário investir em segurança nem em infra-estrutura; a população não cresce, assim, a única preocupação deles é com a saúde e a educação.

Citei os Estados Unidos, porque eles e o Brasil possuem um passado muito parecido, foram colônias, estão no Novo Mundo, possuem muitos dos mesmos problemas sociais, e então seria mais fácil aproveitar o que dá certo lá do que em outro lugar.

Ademais, é preciso pesquisar se nos países orientais que estão apresentando um “boom” tecnológico não há a separação por desempenho. Na Índia, por exemplo, há planos de ensino diferenciados de acordo com o desempenho, em que os alunos mais hábeis são patrocinados por empresas de TI, e no Japão os alunos que não conseguem êxito educacional suicidam-se. Já pensou se isso se aplica ao Brasil? Seria necessário fechar escolas e abrir cemitérios no lugar delas.

Se isto tudo não convence, sobretudo a você estudante ou professor, e você continua acreditando que separar é algo ruim, então, quando algum de vocês abrir uma empresa, contrate qualquer um que aparecer, afinal vai pegar muito mal fazer análise de currículo.

E, também, quando um professor implantar um projeto num Colégio, que ele escolha qualquer aluno para cooperar. É assim que funciona na prática?

Existe um conceito muito valioso chamado “honestidade intelectual”, este conceito implica que é preciso agir de acordo com aquilo que se acredita.

Não há nada que justifique a não separação em níveis, nem mesmo a sabedoria oriental. Lançando mão de uma metáfora com as lutas marciais, vale lembrar que mesmo nestes esportes que prezam o autoconhecimento e o auto-aperfeiçoamento, há hierarquias, divisões por pesos, faixas, ou seja, níveis. Tais níveis não estão fechados, mas um faixa-preta não luta com um ponta vermelha, é preciso evoluir primeiro no âmbito pessoal para de depois ascender a uma hierarquia superior.

Nunca fui contra a evolução dos “faixas amarelas”, luto por isso diariamente, este é o meu ideal de educação. Contudo, me preocupo também com a regressão ou estagnação do avanço dos “faixas-pretas”. Trocando em miúdos, aqueles que precisam evoluir para alcançar um nível mais elevado, devem primeiro travar a batalha mais elementar, aquela que acontece na arena individual e psicológica que é própria e única a cada um. Apenas acredito que não é justo bitolar o desenvolvimento de alguns em prol de um ideal socialista de que todos devem ser iguais. Diferenças existem, e diferenças são importantes, pois é a diversidade que dá identidade a um povo ou a um grupo.

Se a maioria dos estudantes é constituída por pessoas não tão interessadas pelo processo, não podemos com isso sacrificar a minoria. É preciso encontrar um meio-termo, e, repito, a divisão por turmas não é algo fechado, podem acontecer alterações no grupo ao longo de um ano. Será que a sensação de vitória e de realização pessoal daquele que consegue ascender a um grupo mais restrito não compensa qualquer pretenso discurso falacioso de discriminação?

Tal divisão poderia gerar o individualismo, pois os alunos de bom rendimento estariam isolados e assim não aprenderiam nada sobre tolerância? É lógico que é extremamente importante aprender com o outro, ensinar o outro, mas “pagar o pato” pelo outro me parece um ideal muito cristão para ser praticado na sociedade em que vivemos atualmente. É importante se espelhar no outro e sofrer com o outro, mas nunca querer ‘ser o outro’ (isto é o que configura a inveja ou o ressentimento). E numa sala de ensino público, com 40 alunos, em que a maioria é descompromissada, é mais fácil que 35 dobrem 5 e os desvirtuem ou que 5 convençam 35 e os desvencilhem dos vícios?

Ainda há os que podem dizer que a divisão é inconstitucional, pois vai contra o princípio da isonomia. Será mesmo inconstitucional?

Se for esse o caso, vamos recorrer ao princípio da isonomia, referido na Constituição Federal de 1988, em seu art. 5º, caput, que determinou que “todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza.” Então levemos isso ao plano da educação e vamos enumerar o que é inconstitucional:

1) Um professor de educação física selecionar apenas os melhores atletas para representar a escola em jogos estudantis. (discriminação com os que não são bons atletas – a grande maioria)

2) Oferecer recuperação paralela para alunos com notas baixas quando alguns atingiram a média (é agir com distinção e, portanto, discriminação)

3) Fazer vestibular em universidades públicas para selecionar apenas os melhores (darwinismo puro)

4) Oferecer cotas para alunos oriundos de escola pública ou para afro-descendentes (É discriminação contra os alunos das particulares e discriminação contra os não afro-descendentes, como os sul-americanos (Paraguai; Bolívia) que habitam no Brasil. Princípio de isonomia = ninguém escolhe onde nasce, todos são iguais perante a lei, sem distinção.

5) Oferecer bolsa escola apenas para os pobres (Os ricos são iguais perante a lei, deveriam ter o direito de optar por querer ou não o referido auxílio).

Poderia citar outros inúmeros exemplos, que, eu mesmo sei, são temperados com muita hipocrisia, que, não obstante, se baseiam no princípio de isonomia.

Crime é deixar a educação do modo como está. Eu sei que 90% dos problemas educacionais do Brasil existem por culpa de professores mal preparados e/ou mal intencionados, todavia a divisão em escalas de desempenho poderia contribuir e ajudar muito a melhorar esta realidade.

A educação brasileira hoje é um problema muito sério, muito empírico e muito real, portanto, não é cabível citar devaneios metafísicos como o “princípio da igualdade” para tentar resolver o problema. A filosofia contemporânea, pós-kantiana, reconhece a metafísica como inatingível, como um contra-senso por vezes, e se apoiar nela é viver na Idade Média.

“Os fatos conduzem aqueles que concordam e arrastam aqueles que resistem”. A sociedade mudou, a escola não pode oferecer uma educação descontextualizada da realidade social. Para ter êxito social é preciso ter êxito educacional. O professor tem muita coisa para ensinar, pois além de sua ciência, há a interdisciplinaridade, os novos problemas sociais, morais e físicos de nossa realidade complexa, e se preocupar em oferecer educação de conduta simples como boas maneiras a alunos mal intencionados é onde verdadeiramente reside o crime. E o problema de muitos alunos que tem mau rendimento, além da falta de interesse, é a falta de sensibilidade (a pequena ética dos franceses = etiqueta).

Ademais, não se está falando em Apartheid ou segregação, mas apenas em separação por níveis, que, insisto, não estão fechados, mas são orgânicos, como nossa sociedade capitalista bem definida por É. Durkheim.

E se acaso estes argumentos forem considerados insuficientes ou falaciosos, agradeço antecipadamente pelos comentários que assim os qualifiquem.

Justiça aplica medida socioeducativa a primo de Bruno

http://br.noticias.yahoo.com/s/09082010/25/manchetes-justica-aplica-medida-socioeducativa-primo.html

Seg, 09 Ago, 03h56

A Vara da Infância e Juventude de Contagem, em Minas Gerais, aplicou medida socioeducativa ao adolescente J. de 17 anos, primo do goleiro Bruno Fernandes de Souza, por envolvimento no desaparecimento e na suposta morte de Eliza Samudio, ex-amante do atleta. A decisão do juiz Elias Charbil Abdou Obeid ocorreu na sexta-feira, mas foi divulgada apenas hoje.

Segundo o Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJ-MG), o menor terá de cumprir medida socioeducativa por tempo indeterminado por homicídio triplamente qualificado, sequestro e cárcere privado. Apenas a representação feita pelo Ministério Público sobre ocultação de cadáver não foi julgada procedente, pois o juiz considerou que não havia provas de que o adolescente tenha participado do ato.

Segundo o magistrado, apesar de inexistir nos autos laudo de exame de corpo de delito ou laudo de necropsia da vítima, "a prova da materialidade se deu de maneira indireta, por meio lícito e idôneo, como a confissão do próprio adolescente".

O jovem de 17 anos será reavaliado a cada seis meses. Ele continuará internado no Centro de Internação Provisória do Horto até que a Subsecretaria de Atendimento às Medidas Socioeducativas (Suase) libere uma vaga para sua transferência. J. está no local desde o dia 13 de julho. Eliza desapareceu no início de junho, quando tentava provar na Justiça que Bruno é pai de seu filho. O primo de Bruno afirmou à polícia que a jovem foi assassinada.