quarta-feira, 18 de agosto de 2010

“Nota mais alta não é educação melhor”

Diane Ravitch, ex-secretária-adjunta de Educação dos EUA
02 de agosto de 2010
Simone Iwasso – O Estado de S.Paulo

Uma das principais defensoras da reforma educacional americana -baseada em metas, teste padronizados, responsabilização do professor pelo desempenho do aluno e fechamento de escolas mal avaliadas – mudou de ideia.

Após 20 anos defendendo um modelo que serviu de inspiração para outros países, entre eles o Brasil, Diane Ravitch diz que, em vez de melhorar a educação, o sistema em vigor nos Estados Unidos está formando apenas alunos treinados para fazer uma avaliação.

Secretária-adjunta de Educação e conselheira do secretário de Educação na administração de George Bush, Diane foi indicada pelo ex-presidente Bill Clinton para assumir o National Assessment Governing Board, instituto responsável pelos testes federais. Ajudou a implementar os programas No Child Left Behind e Accountability, que tinham como proposta usar práticas corporativas, baseadas em medição e mérito, para melhorar a educação.

Suas revisão de conceitos foi apresentada no livro The Death and Life of the Great American School System (a morte e a vida do grande sistema escolar americano), lançado no mês passado nos EUA. O livro, sem previsão de edição no Brasil, tem provocado intensos debates entre especialistas e gestores americanos. Leia entrevista concedida por Diane ao Estado.

Por que a senhora mudou de ideia sobre a reforma educacional americana?

Eu apoiei as avaliações, o sistema de accountability (responsabilização de professores e gestores pelo desempenho dos estudantes) e o programa de escolha por muitos anos, mas as evidências acumuladas nesse período sobre os efeitos de todas essas políticas me fizeram repensar. Não podia mais continuar apoiando essas abordagens. O ensino não melhorou e identificamos apenas muitas fraudes no processo.

Em sua opinião, o que deu errado com os programas No Child Left Behind e Accountability?

O No Child Left Behind não funcionou por muitos motivos. Primeiro, porque ele estabeleceu um objetivo utópico de ter 100% dos estudantes com proficiência até 2014. Qualquer professor poderia dizer que isso não aconteceria – e não aconteceu. Segundo, os Estados acabaram diminuindo suas exigências e rebaixando seus padrões para tentar atingir esse objetivo utópico. O terceiro ponto é que escolas estão sendo fechadas porque não atingiram a meta. Então, a legislação estava errada, porque apostou numa estratégia de avaliações e responsabilização, que levou a alguns tipos de trapaças, manobras para driblar o sistema e outros tipos de esforços duvidosos para alcançar um objetivo que jamais seria atingido.

Isso também levou a uma redução do currículo, associado a recompensas e punições em avaliações de habilidades básicas em leitura e matemática. No fim, essa mistura resultou numa lei ruim, porque pune escolas, diretores e professores que não atingem as pontuações mínimas.

Qual é o papel das avaliações na educação? Em que elas contribuem? Quais são as limitações?

Avaliações padronizadas dão uma fotografia instantânea do desempenho. Elas são úteis como informação, mas não devem ser usadas para recompensas e punições, porque, quando as metas são altas, educadores vão encontrar um jeito de aumentar artificialmente as pontuações. Muitos vão passar horas preparando seus alunos para responderem a esses testes, e os alunos não vão aprender os conteúdos exigidos nas disciplinas, eles vão apenas aprender a fazer essas avaliações. Testes devem ser usados com sabedoria, apenas para dar um retrato da educação, para dar uma informação. Qualquer medição fica corrompida quando se envolvem outras coisas num teste.


Na sua avaliação, professores também devem ser avaliados?

Professores devem ser testados quando ingressam na carreira, para o gestor saber se ele tem as habilidades e os conhecimentos necessários para ensinar o que deverá ensinar. Eles também devem ser periodicamente avaliados por seus supervisores para garantir que estão fazendo seu trabalho.

E o que ajudaria a melhorar a qualidade dos professores?

Isso depende do tipo de professor. Escolas precisam de administradores experientes, que sejam professores também, mais qualificados. Esses profissionais devem ajudar professores com mais dificuldades.

Com base nos resultados da política educacional americana, o que realmente ajuda a melhorar a educação?

As melhores escolas têm alunos que nasceram em famílias que apoiam e estimulam a educação. Isso já ajuda muito a escola e o estudante. Toda escola precisa de um currículo muito sólido, bastante definido, em todas as disciplinas ensinadas, leitura, matemática, ciências, história, artes. Sem essa ênfase em um currículo básico e bem estruturado, todo o resto vai se resumir a desenvolver habilidades para realizar testes. Qualquer ênfase exagerada em processos de responsabilização é danosa para a educação. Isso leva apenas a um esforço grande em ensinar a responder testes, a diminuir as exigências e outras maneiras de melhorar a nota dos estudantes sem, necessariamente, melhorar a educação.

O que se pode aprender da reforma educacional americana?

A reforma americana continua na direção errada. A administração do presidente Obama continua aceitando a abordagem punitiva que começamos no governo Bush. Privatizações de escolas afetam negativamente o sistema público de ensino, com poucos avanços de maneira geral. E a responsabilização dos professores está sendo usada de maneira a destruí-los.

Quais são os conceitos que devem ser mantidos e quais devem ser revistos?

A lição mais importante que podemos tirar do que foi feito nos Estados Unidos é que o foco deve ser sempre em melhorar a educação e não simplesmente aumentar as pontuações nas provas de avaliação. Ficou claro para nós que elas não são necessariamente a mesma coisa. Precisamos de jovens que estudaram história, ciência, geografia, matemática, leitura, mas o que estamos formando é uma geração que aprendeu a responder testes de múltipla escolha. Para ter uma boa educação, precisamos saber o que é uma boa educação. E é muito mais que saber fazer uma prova. Precisamos nos preocupar com as necessidades dos estudantes, para que eles aproveitem a educação.

QUEM É

É pesquisadora de educação da Universidade de Nova York. Autora de vários livros sobre sistemas educacionais, foi secretária-adjunta de Educação e conselheira do secretário de Educação entre 1991 e 1993, durante o governo de George Bush. Foi indicada pelo ex-presidente Bill Clinton para o National Assessment Governing Board, órgão responsável pela aplicação dos testes educacionais americanos.

O que os atuais “paradigmas pedagógicos” têm a ver com a crise na educação?

http://www.escolasempartido.org/?id=38,1,article,2,168,sid

Por Fabio Lins

Fiz nova enquete na comunidade Escola Sem Partido e outras de educação sobre a influência da “tríade sagrada” Piaget-Freire-Vygotsky na educação brasileira. A pergunta foi assim formulada em todas elas:

“Há relação entre os atuais paradigmas pedagógicos e os péssimos resultados dos alunos?

Todos sabemos dos péssimos resultados em educação no Brasil. Nosso paradigma tem sido regido pela “tríade sagrada” Piaget-Freire-Vygotsky com participações menos vigorosas de outros modelos. Você considera que existe relação de causa e efeito entre este paradigma e os resultados ruins? Ou seja, será que os péssimos resultados obtidos são efeitos de anos de aplicação destes meios?”

Eis os resultados:

Comunidade “Educação”

Sim, e já passou da hora de mudar de paradigma – 47 votos (34%)

Não. As causas são bem outras - 90 votos (65%)

total: 137 votos

Comunidade “Psicopedagogia”

Sim. E já passou da hora de mudarmos de paradigma – 21 votos (33%)

Não. As causas são bem outras - 41 votos (66%)

total: 62 votos

Comunidade “Profissão Professor”

Sim. E já passou da hora de mudarmos de paradigma - 76 votos (51%)

Não. As causas são bem outras – 73 votos (48%)

total: 149 votos

Comunidade “Escola Sem Partido”

Sim, e já passou da hora de mudarmos de paradigma – 65 votos (81%)

Não, as causas são bem outras – 15 votos (18%)

total:80 votos

Minha interpretação dos dados

As comunidades mais voltadas para a teoria pedagógica são as mais avessas à idéia de que haja ligação entre teoria pedagógica e os resultados da prática pedagógica. Normalmente, vê-se pelos comentários, eles atribuem os péssimos resultados às condições do ambiente de ensino e à má compreensão das teorias mencionadas por parte dos aplicantes. Em suma, eles acham que os maus resultados ocorrem não por causa do paradigma que seguem, mas por causa de sua incompleta ou errônea aplicação.

Nas comunidades mais práticas, a de professores e a ESP, que é constituída predominantement de alunos, a perspectiva é oposta. Consideram que essas teorias têm sim parte considerável nas causas da falência da educação brasileira, julgando, possivelmente, que os resultados são reflexo da tentativa de aplicação de teorias ou inaplicáveis, ou ultrapassadas, ou equivocadas (não são tão explícitos nos comentários os possíveis defeitos da teoria). Ou seja, nas comunidades que votaram mais no “sim”, a percepção parece ser que “tem algo errado com a teoria, mas pouco importa ficar tentando descobrir o que seja, temos que encontrar outro modelo mais eficiente”.

Curioso também que nas comunidades “Educação” e “Profissão Professor” a margem de vitória respectivamente do “Não” e do “Sim” não é muito grande. Já nas comunidades “Psicopedagogia” e “Escola Sem Partido” as opções vitoriosas o são por margens de maior expressão. Qual o significado disso?

A comunidade Psicopedagogia constitui-se de profissionais que trabalham mais de perto com os autores mencionados. São a referência direta para muitos e autoridades maiores.

A comunidade Educação constitui-se de pessoas interessadas na Educação entre profissionais de especialidades diferentes e cidadãos de todo tipo. O “status” dos autores ali se dilui entre profissionais especializados, leigos e alunos.

A comunidade Profissão Professor é composta principalmente de professores. Estes são os responsáveis pela tarefa de “pôr a teoria na prática”. Estão, portanto, mais cientes das limitações do dia-a-dia ao mesmo tempo que conhecem a teoria e seus ideais. O “sim” ganha por uma margem pequena, mas que demonstra uma leve consciência de que, mesmo que o modelo atual não seja de todo mal, um modelo novo e mais eficiente seria bem-vindo em face da problemática do cotidiano.

Já a comunidade “Escola Sem Partido”, altamente conscientizada de questões ideológicas na educação, identifica claramente um viés ideológico nestas teorias que se substituem a verdadeiras práticas pedagógicas, cuja falta produz então os péssimos resultados conhecidos. Ou seja a “conscientização” e a preparação para a ‘cidadania’ e demais propostas estariam, segundo os resultados das pesquisas e testes, substituindo-se à educação propriamente dita e sendo mesmo contrários a ela.

domingo, 15 de agosto de 2010

A Mercantilização do Ensino na Estácio de Sá

A Mercantilização do Ensino na Estácio de Sá
Boletim Especial - Sinpro-Rio
Maio/2010 - Ano XIII - N.º 31

O movimento de expansão da Educação Superior privada alcançou maior dimensão no ano de 2007, período marcado pela consolidação da tendência de realização de IPOs (oferta pública inicial de ações) pelas Instituições de Ensino Superior (IES) no Brasil. O processo de abertura de capital no setor educacional (atualmente, a sexta posição na economia nacional) foi realizado inicialmente pela Anhanguera Educacional. Em seguida, outras IES trilharam o mesmo caminho, como a Rede Pitágoras; e o Sistema COC.

No Rio de Janeiro, a Universidade Estácio de Sá, maior do ranking das IES privadas no “mercado educacional”, foi a pioneira no ingresso do mercado de capitais, através do lançamento de ações na Bovespa, em 9 de fevereiro de 2007.

Ressalte-se, neste aspecto, o fato relevante, amplamente anunciado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e ao mercado financeiro em 10 de abril de 2008, do ingresso do GP Investimentos S/A no quadro acionário da instituição através da compra de 20% das ações e com posição estratégica no comando do Conselho de Administração, ditando os princípios do seu “planejamento estratégico”: demissões em massa, otimização dos custos e investimentos em tecnologia (especialmente na EAD) como fator de economia de escala.

Desde então, o processo de “empresariamento” da educação tem adquirido contornos mais nítidos na instituição, com a sobreposição dos interesses mercantilistas de lucratividade máxima, em detrimento dos fins acadêmicos de investimento em pesquisa, ensino e extensão.

A Estácio de Sá vem praticando uma “reestruturação” em seu quadro permanente de professores, visando a se adequar às exigências do capital, tornando- se mais agudas com a transformação da até então “entidade filantrópica” em “sociedade anônima” através da mencionada Oferta Pública de Ações.

Uma “aberração jurídica” uma vez que se trata de uma empresa que usufruiu do status de entidade filantrópica durante décadas, e, por isso, beneficiária de uma política de desonerações tributárias concedida pelo Estado.
Política de demissões em massa

De 2006 até o presente semestre letivo, é assustador o montante de demissões dos professores da Universidade Estácio de Sá, uma comprovação material dos efeitos devastadores da abertura de capital e descompromisso dos gestores com a responsabilidade social e acadêmica que deve justificar a existência das IES:


2006= 619 demissões

2007= 589 demissões

2009= 814 demissões

2010 (janeiro a março)= 26


Observe-se que, em regra, os professores mais antigos e com maior qualificação acadêmica - considerados mão de obra que onera a folha de pagamentos da empresa - foram os mais atingidos pela política de demissões em massa perpetrada pela Estácio Participações S/A.
Na lógica mercantil que tomou de assalto a instituição, esses números estão inseridos num projeto de “enxugamento” e preparação da estrutura do quadro funcional para os propósitos da empresa, que deixa de seguir metas e objetivos educacionais em favor da maximização de lucros e diminuição de custos.

Dossiê Estácio e o MEC

A expansão da Universidade Estácio de Sá e o sucessivo descumprimento da legislação trabalhista e educacional fundamentaram o “Dossiê Estácio”, construído pelo Sinpro- Rio e entregue em junho de 2007 na Representação Regional do MEC (Remec).
Na verdade, um conglomerado educacional em expansão, com mais de 200 mil alunos espalhados pelo país com metas de expansão internacional. Tal fato se reflete nas graves implicações da abertura de capital na estrutura curricular dos cursos. O Dossiê contém várias denúncias:


• Ausência de participação dos corpos docente e discente na gestão democrática da universidade;

• Inexistência de Conselho Universitário;

• Investimentos tímidos em pesquisa acadêmica e extensão universitária;

• Não remuneração das horas-campo; • Não pagamento dos direitos autorais • Superlotação de salas de aula;

• Educação a Distância (EAD) como fator de economia de escala; • Convênios e parcerias educacionais com mão de obra gratuita do corpo docente.

Falso Tempo Integral


São prerrogativas das universidades usufruírem de autonomia acadêmica para criar, extinguir e modificar cursos e alterar currículos sem autorização prévia do MEC. Em contrapartida, precisam ter um quadro docente permanente; plano de carreira próprio; órgãos colegiados; pelo menos, 1/3 de seus docentes com Mestrado ou Doutorado; e regime de trabalho de tempo contínuo com 40h semanais.


A Estácio Participações S/A inventou uma forma de lesar os interesses dos professores e “enganar” (ou tentar) o MEC, com a adoção de tempos integrais (TIs), que não são verdadeiros. Em maio de 2008, foi implantado o chamado “Programa de Colaboradores de Tempo Integral”, caracterizando-o como um projeto de institucionalização de suas políticas acadêmicas.


Nesse período, cerca de 600 professores e coordenadores foram “convidados” a assinar um termo aditivo ao seu contrato de trabalho pelo qual se sujeitariam a ganhar entre R$ 800 e R$ 1.400, conforme sua qualificação no quadro de docentes da Unesa, por 20h de trabalho semanais, para desenvolver diversas atividades que não fossem referentes às suas atividades como professor.

Palmada em criança pode virar crime

http://www.jornalopcao.com.br/index.asp?secao=Reportagens&idjornal=168&idrep=1661

PAIS & FILHOS

Projeto de lei que pune os pais que derem uma simples palmada nos filhos divide os especialistas e provoca espanto nas famílias, que o consideram absurdo


HELOIZA AMARAL

Educação só na base da conversa. É o que estabelece o Projeto de Lei 2.654/03 da deputada federal Maria do Rosário, do PT do Rio Grande do Sul, que emenda o Estatuto da Criança e do Adolescente, estando na pauta da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados. Caso seja aprovado, os pais ficarão proibidos de dar uma simples palmada nos filhos, porque o projeto proíbe qualquer tipo de castigo, inclusive castigos moderados. Já em seu caput, o projeto estabelece “o direito da criança e do adolescente a não serem submetidos a qualquer forma de punição corporal, mediante a adoção de castigos moderados ou imoderados, sob a alegação de quaisquer propósitos, ainda que pedagógicos”. A proibição, de acordo com o Artigo 1º do projeto, se estende ao lar, à escola, à instituição de atendimento público ou privado e a locais públicos. Os pais que descumprirem a nova lei serão punidos de acordo com as sanções previstas no Artigo 129, incisos I, III, IV e VI do Estatuto da Criança e do Adolescente.

Ou seja, os pais que derem palmadas nos filhos podem ser encaminhados ao programa oficial ou comunitário de proteção à família (inciso I do Estatuto); a tratamento psicológico ou psiquiátrico (inciso III); a cursos ou programas de orientação (inciso IV) e obrigados a encaminhar a criança ou adolescente a tratamento especializado (inciso VI). O projeto também prevê alteração no Artigo 1.634 do novo Código Civil (Lei 10.406, de 10 de janeiro de 2002), que passa a ter seguinte redação: “Compete aos pais, quanto à pessoa dos filhos menores, exigir, sem o uso de força física, moderada ou imoderada, que lhes prestem obediência, respeito e os serviços próprios de sua idade e condição”.

O projeto de lei da deputada estabelece, ainda, que o Estado deve “estimular ações educativas continuadas destinadas a conscientizar o público sobre a ilicitude do uso da violência contra criança e adolescente, ainda que sob a alegação de propósitos pedagógicos” e “divulgar instrumentos nacionais e internacionais de proteção dos direitos da criança e do adolescente”. Além disso, prevê reformas curriculares na escola, entre as quais a introdução, no currículo do ensino básico e médio, de um tema transversal referente aos direitos da criança.

Morgana Custódio Lima, administradora: diálogo com os filhos
De acordo com a deputada Maria do Rosário, a agressão física deseduca e deve ser proibida, sob pena de os pais serem encaminhados a programas oficiais ou comunitários de proteção da família. Até o momento, não há nenhum tópico a respeito da perda da guarda dos filhos. “Não se trata da criminalização da violência moderada, mas da explicitação de que essa conduta não condiz com o direito”, diz a deputada ao justificar o projeto, que foi sugerido pelo Laboratório de Estudos da Criança da Universidade de São Paulo, depois de conseguir a assinatura de 232 mil 600 brasileiros, argentinos e peruanos.

A proposta de Maria do Rosário não precisa ser apreciada pelo plenário da Câmara dos Deputados, indo direto para o Senado. Segundo seus defensores, a proposta está respaldada na legislação brasileira, como o Estatuto da Criança e do Adolescente, que estabelece que as crianças e adolescentes não podem ser vítimas de qualquer tipo de violência. Além disso, o Brasil participa do acordo internacional da Convenção sobre os Direitos da Criança desde 1990, cujo Artigo 19 recomenda que os países-membros das Nações Unidas protejam os menores de qualquer tipo de agressão. Apesar de polêmico, merecedor de um debate mais profundo com a sociedade, o projeto ia passando despercebido entre as dez páginas do ato convocatório do Congresso Nacional, assinado pelos presidentes da Câmara (Aldo Rebelo, do PC do B de São Paulo) e do Senado (Renan Calheiros, do PMDB de Alagoas). Descoberto pelo jornal eletrônico Congresso em Foco, o projeto acabou ganhando capa do Jornal do Brasil de quinta-feira, 12, desencadeando uma polêmica entre pais e especialistas.

Com o projeto da deputada, o Código Civil sofrerá mudanças. Caberá aos pais fazer com que seus filhos sejam obedientes e respeitosos sem usar palmadas e chineladas. Para que o projeto funcione, os deputados envolvidos apostarão na conscientização da sociedade. Os governantes farão campanhas educativas a respeito do assunto e estimularão denúncias, que serão feitas nos Conselhos Tutelares da Infância e da Juventude ou em delegacias de polícia, promotorias de Justiça e escolas. Se descumprirem a lei, os pais realizarão serviços comunitários e poderão passar por tratamentos psicológicos e psiquiátricos. Depois de apresentado na Câmara há dois anos, o projeto foi analisado pelas comissões de Educação e Cultura e de Seguridade Social e Família. Se aprovado agora pela Comissão de Constituição e Justiça, será encaminhado para o Senado, sem passar pelo plenário da Câmara.

Célia Divina dos Santos, comerciante: diálogo nem sempre resolve
Os pais entrevistados concordam que é preciso preservar a criança da violência doméstica, porém são unânimes ao dizer que umas palmadinhas de vez em quando não fazem mal a ninguém. Pelo contrário, podem impedir que algo grave ocorra com seus filhos. Quem nunca viu uma criança curiosa tentar descobrir o que acontece ao colocar o dedo na tomada? Ou puxar uma panela do fogão para saber o que cheira tão bem na cozinha? Com a experiência de quem já passou por isso e muito mais, os pais afirmam que há momentos em que a conversa não é a melhor solução. Os tapas são uma maneira de impedir que a criança sofra ainda mais. A dona de casa Eliete Almeida de Mendonça, de 40 anos, mãe de duas adolescentes, uma de 13 e outra de 15 anos, garante que prefere o diálogo, mas já se valeu de umas boas palmadas quando necessário. Se as meninas desobedeciam, a palmada resolvia a situação. “A criança precisa saber que existe alguém mais forte que ela. Precisa ter limites, até mesmo para que se sinta segura”, explica. Apesar de ter recorrido à força algumas vezes, ela não acredita na afirmação da deputada Maria do Rosário de que isso possa atrapalhar o desenvolvimento infantil. “Sou contra bater sem necessidade ou espancar a criança, mas dar uma palmada não é espancar”, ressalta.

Para Eliete Mendonça, a lei, se aprovada, não vai funcionar, porque não pode tirar o direito dos pais de educar os filhos. “Esses políticos têm tanta coisa mais importante para se preocupar. O projeto não tem sentido”, indigna-se. Paulo Antônio de Mendonça, pai das meninas, tem mais dificuldade em aceitar a palmada. Sempre deixou para a esposa a responsabilidade. Ele lembra que não gostava de apanhar quando era pequeno e, por isso, evita fazer o mesmo com as filhas. “Ele não gosta nem de olhar para elas com cara feia”, observa Eliete. Comparar os tapas dos pais com a palmatória utilizada antigamente nas escolas, como faz a autora do projeto, é uma idéia infeliz, segundo a dona de casa, que lembra da humilhação implícita na palmatória. “Todos os colegas viam a criança apanhar e sabiam o que ela tinha feito de errado, o que não acontece em casa”, ressalva. Seria mais eficiente, de acordo com Eliete, que fizessem uma campanha incentivando os pais a passarem mais tempo com os filhos, darem mais atenção. Ela aposta que isso faria com que eles se sentissem mais amados e protegidos e, conseqüentemente, se comportariam melhor. “Muitas crianças fazem arte só para chamar a atenção dos pais”, enfatiza.

A comerciante Célia Divina dos Santos, de 33 anos, mãe de uma menina de 9, acredita que a filha precisa de ajuda psicológica exatamente porque não recebeu umas palmadas quando foi preciso. Filha única, a menina sempre teve e fez tudo o que quis, e acabou ficando sem limites, conta ela. Mesmo tendo evitado a vida toda bater na filha, Célia vê na palmada uma aliada importante na educação das crianças. Para ela, o Estatuto da Criança e do Adolescente foi um avanço importante, mas peca por permitir que crianças e adolescentes ajam errado sem que recebam uma punição efetiva por seus atos. “Os filhos já estão mandando nos pais. Não há mais respeito”, sustenta. Célia dos Santos também aponta a televisão como um problema a mais para os pais. “É cada vez mais difícil controlar o que os nossos filhos assistem”, afirma, lembrando que muitos programas incentivam crianças e adolescentes a romperem com as normas da sociedade. “Eles aprendem tudo o que não devem vendo TV”, alerta.

Marinalva Tavares, dona de casa: limites são necessários
A administradora de empresas Morgana Custódio Silva Lima, de 37 anos, mãe de um menino de 7 e de uma menina de 6 anos, conta que até já conversou com os filhos a respeito das palmadas e eles próprios concordam que, às vezes, elas são necessárias. “É preciso bater de vez em quando para a criança não perder os limites”, enfatiza. O mesmo pensamento tem a dona de casa Marinalva Tavares, mãe de duas meninas, de 2 e 4 anos. Apesar de novas, as crianças já apanharam algumas vezes para aprender que não podem tudo. “O diálogo é importante, mas tudo tem um limite. Às vezes, a criança tem que ganhar umas palmadas. A vida é doída mesmo”, sintetiza. Assim como as outras mães, Marinalva salienta que é completamente contra o espancamento. O que elas aprovam é o “tapinha corretor”. E as psicólogas concordam. Maria Helena Arruda, especialista em terapia familiar, diz que as palmadas têm sua função na educação. Para ela, a deputada Maria do Rosário não deve ter se expressado bem sobre o grau da violência que quer proibir. “Evitar que as crianças sofram com o abuso dos pais é mais do que justificável, mas a palmada é funcional”, explica.

Apesar de favorável à palmada, a psicóloga alerta os pais para o efeito contrário. Bater demais pode tornar a criança lerda. Nem tudo o que ela faz de errado deve ser punido com violência. Existem casos em que o diálogo é a melhor solução. Deve reinar o bom senso. “Tem a fase do porquê, em que é importante conversar com a criança e explicar o que ela quer saber. Bater nessas horas, não resolve”, aconselha Maria Helena Arruda. Às vezes, os pais podem explicar o porquê de algumas atitudes serem erradas e os filhos as repetirem mesmo assim. Isso, segundo Maria Helena Arruda, dependerá do grau de ousadia da criança. Depois de fazer o que os pais proibiram, ela perceberá que eles estavam certos, mas também podem descobrir que agiram da melhor maneira. A psicóloga derruba a tese apresentada pela deputada Maria do Rosário de que, sem o medo de apanhar, os filhos ouviriam melhor os pais. Para ela, o que determinará a propensão de acatar os conselhos dos pais é a relação existente entre eles e os filhos, independentemente de levarem umas palmadas de vez em quando.

Maria Helena Arruda não concorda, também, que as palmadas possam causar problemas futuros para a criança, prejudicando, inclusive, seu desenvolvimento psicológico. Além disso, segundo ela, não há como comparar as correções paternas com a antiga palmatória das escolas, como faz a deputada. “A palmatória era o terror da escola, mas ser chamada de burra na frente dos colegas é tão ruim quanto receber um castigo físico. Ser humilhado é péssimo. É preciso valorizar os méritos da criança”, explica. De acordo com ela, as crianças estão mais inteligentes do que no passado e percebem os mínimos problemas que ocorrem em casa, como os problemas financeiros e as dificuldades do casamento dos pais. É preciso estar atento para isso e para as conseqüências dessa percepção, o que ajudará os pais a desenvolverem o bom senso necessário na hora das punições.

Eliete Almeida de Mendonça, dona de casa: conversa com as filhas
A psicóloga também discorda da deputada Teté Bezerra, do PMDB de Mato Grosso, que, em parecer na Comissão de Seguridade Social e Família da Câmara dos Deputados, afirmou sobre o projeto: “Embora nossa cultura e senso comum encarem as palmadas como um instrumento corretivo e preventivo, ela encerra um problema maior, que é a banalização do uso da violência como meio de solucionar os conflitos”. Para a psicóloga Maria Helena Arruda, é um equívoco considerar como “banalização da violência” uma ou outra palmada que os pais dão em seus filhos. Segundo ela, a lei, se aprovada, vai tirar a autoridade dos pais. “E, obviamente, isso não é a solução. Se isso acontecer, será preciso criar uma outra lei para evitar que os filhos batam nos pais. Sem falar na quantidade de pais limpando chão de colégio porque deram umas palmadas no filho”, analisa.

A exemplo das mães, os pais também são contra o projeto. Para o vereador e professor Vanderlan Renovato, do PSDB, “pé de galinha não mata pinto”. Pai de dois filhos e avô de duas crianças, ele acredita que umas palmadas podem ajudar na educação dos filhos. “Existe uma enorme diferença entre espancar e dar uma palmada”, enfatiza. Prova disso, segundo ele, é que, mesmo sendo um vovô-coruja, já deu uma palmadinha em sua neta de 4 anos, porque ela o desobedeceu. O deputado federal Sandro Mabel, do PL, concorda com o vereador e afirma que não vê sentido na lei. “Espancar crianças já é proibido na legislação brasileira. Agora, é um absurdo tratar uma palmada como espancamento. Logicamente, não se pode proibir, por lei, os pais de corrigirem seus filhos dessa forma, quando necessário”, sustenta o deputado. Sandro Mabel, que tem três filhos e dois netos, lembra que, às vezes, é até necessário bater para evitar que a criança se machuque mais fazendo alguma coisa que não deveria fazer. “Essa lei é tão sem sentido que, mesmo se for aprovada, não tem como funcionar”, alerta.

A mentirosa história da palmada

Baseando-se no livro História das Crianças no Brasil, organizado pela historiadora Mary Del Priore, os defensores da “Lei da Palmada” alegam que o castigo físico de crianças não existia no Brasil antes do século XVI. Ele teria sido introduzido pelos jesuítas, causando indignação nos índios, que não aceitavam a prática. Um pouco mais tarde, entronizou-se nas escolas brasileiras a temida palmatória, que continuou martelando as mãos das crianças até meados do século passado, sendo substituída por castigos relativamente mais leves, como ficar de joelhos.

A literatura brasileira está cheia de exemplos de castigos físicos nas escolas. Até Machado de Assis, que freqüentou apenas o primário, trata do tema no Conto de Escola, em que a palmatória se faz onipresente: “E essa lá estava, pendurada do portal da janela, à direita, com os seus cinco olhos do diabo. Era só levantar a mão, despendurá-la e brandi-la, com a força do costume, que não era pouca” — conta Machado.

Todavia, imaginar que o castigo físico de crianças foi inventado pela Igreja é desconhecer a própria história da humanidade. Toda cultura estabelece limites para suas crianças. Em muitas culturas esse limite é a própria maturidade precoce, ditada pelas condições insalubres de sobrevivência. Antigamente, na roça, uma criança começava a ajudar os pais no cultivo e na colheita antes dos dez anos, caso contrário, morreria de fome junto com a família. Nas tribos indígenas — mentirosamente idealizadas pelos acadêmicos — também não era necessário castigo físico em criança. Não porque índios sejam anjos, mas porque a vida se encarregava de educar seus filhos, criados coletivamente. Uma indiozinho muito travesso, provavelmente morria picado por cobra, comido por onça. Sem contar que, em lugar da palmada, os adultos da tribo lhe marcavam violentamente o corpo, com seus rituais sagrados — substitutivos do castigo. Na nossa cultura, em que o Estatuto da Criança e do Adolescente criou uma infância ociosa até os 18 anos, se os pais não dispuserem ao menos da palmada para corrigir seus filhos, vão, de fato, acabar apanhando deles. (José Maria e Silva)

A utopia do diálogo infinito

Os defensores do projeto da deputada Maria doRosário, do PT do Rio Grande do Sul, alegam que os castigos físicos em crianças já foram abolidos na legislação de 14 países. O pioneiro foi a Suécia, em 1979, seguido de Áustria, Dinamarca, Noruega, Letônia, Alemanha, Israel, Chipre, Islândia, Itália, Canadá, Reino Unido, México e Nova Zelândia. Ainda existem, todavia, países em que o tapinha é um dos principais métodos para educar as crianças. Os Estados Unidos são um exemplo. Uma pesquisa mostrou que 61 por cento dos norte-americanos acreditam que os castigos físicos são válidos como método de educação. Na Inglaterra, os pais aprovam até mesmo o uso de castigos físicos para seus filhos nas escolas. A professora que usa uma régua para corrigir uma criança é tida pelos ingleses como competente, apesar de o sistema educacional do país ter abolido o castigo em 1989. No Brasil, de acordo com pesquisa da Associação Brasileira Multiprofissional de Proteção à Infância e Adolescência, as mães são as maiores responsáveis pelas palmadas (48,6 por cento, contra 25,2 por cento dos pais).

Contrariando a opinião de grande parte dos especialistas e da maioria esmagadora dos pais, a socióloga Helena Oliveira Silva, de 38 anos, publicou o livro Análise da Violência contra a Criança e o Adolescente, segundo o Ciclo de Vida no Brasil, da Global Editora, em que defende o fim das palmadas, que contabilizam, segundo ela, 31 por cento dos episódios de violência doméstica e estão presentes em todas as classes sociais. Coordenadora de projetos de proteção do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), Helena Oliveira afirma que são quatro os tipos de agressões sofridas na infância — a doméstica, a comunitária, a institucional, a étnica, nas escolas, além da mortalidade infantil. De acordo com a socióloga, o castigo físico não mata, mas humilha a criança. “Se até a Suécia, país que é referência mundial em democracia e bem-estar social, precisou recorrer ao Legislativo para coibir a prática da punição corporal, em locais com pouca tradição democrática, como o Brasil, essa violação é aceita”, sustenta.

Para Helena Oliveira Silva, cujo livro integrou um estudo mundial sobre as formas, causas e impacto da violência na vida das crianças, o que se pretende é evidenciar que nos últimos 30 anos os maiores índices de mortalidade têm ocorrido na infância e adolescência, pressionando, assim, os governos a mudar as leis em busca de solução para o problema. O psicólogo Cristiano da Silveira Longo concorda com Helena Oliveira Silva. Ele defendeu uma tese na Universidade de São Paulo (USP) sobre punição corporal de crianças. Depois de fazer uma enquete com 640 pais, 52 por cento declararam-se favoráveis ao diálogo, mas 99 por cento das crianças brasileiras já levaram ao menos uma palmada na vida. Segundo ele, as crianças mais pobres são as que mais apanham, e a palmada é a tática punitiva preferida das mães. Para o psicólogo, a palmada interrompe o comportamento inadequado instantaneamente, mas não educa em longo prazo. A violência física ainda estimula comportamentos agressivos nas crianças. É fácil observar, segundo ele, uma criança batendo nos irmãos assim como fazem os pais. A palmada, de acordo com Cristiano, além de aumentar a agressividade, pode levar a criança a desenvolver baixa auto-estima, medo, insegurança e sensação de impotência.

Doutora em psicologia infantil e desenvolvimento, a goiana Ângela Maria Menezes Duarte estuda especificamente o caso das agressões físicas praticadas por pais aos filhos. Ela vê na lei uma possibilidade de conter os pais mais desinformados, que acreditam no poder da palmada para educar. Ângela Maria Menezes coordena pesquisas do Programa de Erradicação do Trabalho Infantil em Piracanjuba e o Programa Academia da Paz, com famílias de baixa renda em Goiânia. Nesses dois programas, segundo ela, conseguiu diminuir as agressões contra as crianças, ensinando aos pais outras formas de educar. Entre as opções, ela destaca reforçar os aspectos positivos dos filhos. Com isso, eles acabam reforçando esses pontos e deixando de lado as atitudes erradas.

É possível também, segundo ela, antecipar os problemas. Se a criança não gosta de fazer as tarefas escolares, por exemplo, os pais determinam que ela só poderá brincar ou assistir à televisão depois que acabar de estudar. Assim, os pais evitam que a criança não cumpra com suas obrigações e não precisam castigá-la. O tradicional castigo ainda é uma opção, mas a psicóloga salienta que não é recomendável deixar a criança quieta, sem atenção, por mais de 5 minutos. O uso das palmadas só é aceitável, de acordo com Ângela Maria Menezes, nos casos em que a criança corre algum risco. Mesmo assim, ela garante que existem outras maneiras de corrigir. Para algumas crianças, basta que os pais digam ‘‘não’’ e todo o problema é evitado. A psicóloga é taxativa: “A criança tem uma capacidade cognitiva maior do que os pais pensam. Bater a leva a ficar mais agressiva e pode causar problemas futuros, tanto emocionais como acadêmicos”.

sábado, 14 de agosto de 2010

Programação geral do Seminário Newton da Costa na UFPB

Dia 17 de agosto:
Auditório do CCSA
14:00 Abertura Prof. Giovanni Queiroz
14:30 Palestra Prof. Dr. Newton Carneiro Affonso da Costa - Exposição Geral de seu trabalho.
15:30 Debate.
17:00 às 19:00 Intervalo.
Auditório da Reitoria
19:00 – Cerimônia de Outorga do Título de Doutor Honoris Causa ao prof. Newton da Costa.
Dia 18 de agosto
Sala 506 CCHLA
08:00 às 11:30 Comunicações:
1) Stanley Kreiter - Ceticismo, “Razões Conclusivas” e Lógica Epistêmica.
2) Dídimo Matos - A lógica paraconsistente de Newton da Costa.
3) Maíra Vasconcelos - Relações semióticas entre matemática e física.
11:30 às 14:00 intervalo
Sala 500*
14:00 – Prof. Dr. Matias Francisco Dias - Hierarquias Aritméticas.
15:00 Debate.
16:00 – Prof. Dr. Ricardo Silvestre - Paradoxo da loteria, Plausibilidade e as Duas Abordagens da Indução
17:00 – Debate
18 às 19:00 Intervalo.
Sala 500*
19:00 Prof. Dr. André Abath - Como vencer a batalha contra o cético: Um guia contextualista.
20:00 Debate
Dia 19/08
Sala 500*
14:00 Prof. Dr Alexandre Costa Leite - Paraconsistentização de Lógicas
15:00 Debate
16 às 17:00 Intervalo
Estação Ciência
17:00 Lançamento do livro “Teoria da Recursão” de Matias F. Dias e Leonardo Weber.
Obs. Há a possibilidade de mudança de local indicado por (*) que serão efetivadas e divulgadas na abertura do evento.

Escolas de Magia no Brasil

http://pensotopia.com.br/2010/04/21/escolas-de-magia-no-brasil/

As magias em D&D são agrupadas em categorias chamadas escolas, divididas em vários níveis. Sempre que o mago progride, vai tendo acesso cada vez mais aprofundado sobre aqueles conhecimentos arcanos. É justamente este conhecimento ordenado, disciplinado e meticuloso que torna os magos os mais temíveis inimigos e os mais fantásticos dos heróis.

Tudo isto porque os jogos se baseiam na Europa. Imaginem se fossem baseadas no Brasil. Retorno com um conto bem-humorado que fazia tempos que não escrevia no Pensotopia.

Carlinho era um aprendiz de feiticeiro, cuja mãe trabalhava em uma padaria durante o dia e numa taverna à noite, chegando sempre muuuito tarde. Foi com muito mais que suor, que Cremilda – a mãe de Carlinho – conseguiu juntar algumas peças de ouro para mandar seu filho para ser aprendiz de uma Escola da Magia Pública de Pensotópolis.

A escola era gratuita, mas para quem morava no interior – além das ruínas dos exilados- chegar nela não era tarefa fácil. Carlinho caminhava pelas estradas tortuosas e descobria as vantegens de estar com dinheiro na algibeira. Os orcs que se escondiam no local e ficavam o tempo todo jogando bola com a cabeças dos viajantes, sempre poupavam a vida miserável do garoto, pois ele sempre lhes trazia ouro e lanche.

Sem ouro, maltrapilho e surrado, Carlinho chegava à escola: velha, suja, mas gratuita. A primeira coisa que o menino fazia quando chegava era ir ao refeitório. Ele, no começo, destestava aquela comida que parecia uma geléia ocre, porém descobriu que a geleia ocre era servida no jantar e ficou mais aliviado.

A professora de Necromancia faltou. O de Evocação estava de atestado-clérigo, devido a sérios danos sofridos, após uma emboscada sofrida após as aulas, supostamente por alunos de último ano. Com as duas primeiras aulas vagas, Carlinho ia passar o tempo na biblioteca arcana, um local cheio de tábuas de argila pesadas, onde estavam escritas magias. Os pergaminhos eram muito caros e os livros mais ainda, portanto os estudantes tinha que se virar com as plaquinhas de cerâmica. Boa parte do acervo estava depredado, os alunos costumavam quebrar os feitiços utéis assim que aprendiam ou mesmo quando não conseguiam aprender. As magias mais raras era surrupiadas pelos elfos doméstico, que revendiam-nas para alunos de escolas particulares de magia.

Basicamente, ficar na biblioteca era um pretexto para fugir das aulas, não havia lugar para se concentrar por ali. Soava a magia Alarme, anunciando a terceira aula. O professor de Abjuração era um clérigo que também acumulava a função de professor de Profecia. A titular dessa cadeira , dava aulas em três escolas diferentes e para manter o quarto emprego, pagava ao clérigo para substitui-la.

Hora do lanche. Não havia lanche. Carlinho tentava matar a fome com um poção de cura trazida por um coleguinha da turma. Os ogros da cantina reclamavam que a comida que tinha chegado, já tinha desaparecido, como por mágica. Na sala do Diretor…um cheiro de néctar e ambrosia pairava no ar. Terminado o intervalo, os alunos voltam pra casa. Só alguns mais insistentes – como Carlinho- decidem continuar a assistir as últimas aulas do período. “Só porque a escola não tem água no fosso, não quer dizer que precisemos ir pra casa, antes da última aula”, dizia ele.

4ª Aula, Conjuração/Convocação.

O caso do professor de Conjuração era ainda mais absurd. Guerreiro veterano, já tinha visto muitos magos convocarem estranhas criaturas para enfrentá-lo. Por causa disto, se considerava um expert em magias de convocação, não através do estudo arcano e sim pela experiência. Passava o tempo todo contando como matava os monstros, mas nada dizia como trazê-los para o campo de batalha. O diretor sabia que o professor não era um mago de verdade, os alunos sabiam que não era um mago de verdade, os colegas professores sabiam que o guerreiro não era um mago de verdade. Até o Conselho de Magia sabia da verdade, mas preferiam ter alguém do que ficar sem professor na sala. Como fazia vinte anos que não era realizada nenhuma seleção para Arcano Efetivo, o Conselho preferia fazer vista grossa para esses pequenos incidentes.

O professor de Encantamento/Feitiço, um jovem de manto vermelho, barba grande e dedo em riste, estava no pátio conclamando os alunos e professores para paralisarem suas atividades em buscas de melhores laboratórios, grimórios e recursos para continuarem suas pesquisas. A professora temporária de Transmutação, se transmutou em pássaro exótico e voou para a sala do diretor, sugerindo que ele mandasse mensagem para o Conselho de Magia comunicando o futuro motim. A professora estava lá, graças a um parente trabalhando no Conselho de Magia e recebia alguns gratificações devido a um caso que ela tinha com o Diretor. Nem adiantava ela se metamorfosear para entrar na diretoria, todos conheciam o requebrar de galinha dela… em qualquer forma.

6ª Aula

O professor de Ilusão passava a aula toda paquerando as meninas e soltando piadas. Sua aula era mesmo uma ilusão, mas no fim todos tiravam notas boas era o que se dizia, por isso ninguém se importava.

Hora do Almoço

A escola deveria ser em tempo integral, mas na prática aquilo não funcionava. A parte vespertina servia para os alunos tirarem dúvidas com os monitores e a para as aulas de Educação Psíquica. Carlinho tinha que caçar a sua própria comida. Alguns ex-alunos que freqüentavam a escola arranjavam um pouco de almoço, se Carlinho fizesse algumas entregas para eles: uns saquinhos com pó-mágico (que servia tanto para levitar, como fazer viagens astrais). Era graças a “bondade” daqueles ex-alunos, que Carlinho tinha forças de ficar à tarde.

Os monitores apelidavam Carlinho de “o traça-de-livro”. Em geral, ele era o único que ia lá às tardes, para tirar dúvidas, mas nem sempre os monitores faziam direito a tarefa. Ao invés de passarem magias de conjuração, feitiço ou evocações para ele praticarar, ficavam apenas ensinando alguns truques, para gastar tempo.

Nos treinos de Educação Psíquica a coisa apertava. Um professor rigoroso obrigava todos darem 20 voltas mentais no universo, erguer pesos de 50 etereons e mergulharem nas profundezas dos próprios traumas de darem 100 braçadas nelas.

No tempo livre, Carlinho ainda podia visitar as eternas futuras instalações do Labortarório de Poções, prometido desde a última Era. E também meditar na sala de meditação, antigo banheiro dos elfos domésticos, que misteriosamente conseguiram instalações melhores. Dentro do banheiro foi onde encontrou uma velha vassoura voadora, com a qual podia voltar para casa, sem ter que passar pelos orcs de novo.

Carlinho não tinha tido aulas de conhecimento dos monstros. Carlinho não sabia que dragões podiam voar. Carlinho foi um alvo fácil para os dragões. Ao ser pego, o lagartos gigante lhe falou:

- Eu poderia comê-lo insignificante criatura, mas que tipo de monstro terrível eu seria se você fosse libertado desta forma. Seu castigo é ter que ir para escola, para você estudar bastante e se tornar um mago. Porém, se você abandonar os estudos eu destruirei a sua aldeia!

E o pobre Carlinho respondeu:

- Mas por que você quer que estude?

E o dragão respondeu:

- Porque quanto mais magos se formarem nela, mais fácil será de dominar seu reino no futuro. E se você ficar andando pelas ruas, poderá se tornar um poderoso guerreiro sem instrução.

Carlinho, sem escolhas, decidiu fazer o que o dragão mandou. Aos trancos e barrancos, depois de greves, decapitação dos revoltosos pela milícia dos rei, falta de grimórios e varinhas, cajados e bastões, ele concluiu tudo. Voltou para casa com o seu diploma, mas sem saber usar uma bola de fogo. Carlinho, temendo as palavras do dragão que o capturara a muito tempo atrás, começou a sentir medo e angústia, só encontrando a paz no Templo da esquina. Carlinho passou a trabalhar de ajudante de padeiro na mesma padaria que sua mãe trabalhava, ajudando a acender o fogo com magia. Todo fim do mês, o dízimo do que ele ganhava, uma moeda de ouro, ia para os cofres do templo, que já se preparava para abrir uma nova filial.

O plano do Dragão estava sendo executado perfeitamente.

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Concurso premia produções sobre valores

http://www.pnud.org.br/educacao/reportagens/index.php?id01=3536&lay=ecu

Reportagens
Brasília, 09/08/2010

Trabalhos sobre temas como compreensão, respeito, responsabilidade e tolerância podem ser inscritos na competição Valores Fora do Eixo

BRUNO MEIRELLES
da PrimaPagina

Estão abertas as inscrições para o concurso Valores Fora do Eixo, que vai premiar produções artísticas que enfatizam temas como compreensão, respeito, responsabilidade e tolerância. A competição tem por objetivo incentivar a prática e gerar reflexão sobre estas ações, que serão o assunto do RDH (Relatório de Desenvolvimento Humano) Brasil 2009/2010.

O evento é resultado de uma parceria entre o PNUD e o Circuito Fora do Eixo, rede de intercâmbio entre profissionais da cultura, como atores e músicos, espalhados por cerca de 50 municípios.

Flavio Comim, coordenador do RDH do país, explica a importância dos valores que são o tema da competição. “Eles funcionam como guias das nossas ações, orientam nossa conduta. A ausência deles implica dificuldades para promover a justiça social. Por exemplo, para melhorar a educação, é necessário incrementar a convivência nas escolas. Já no caso da violência, é necessário trabalhar esses valores na família, que é a base do problema.”

O PNUD selecionou o tema do relatório brasileiro após uma consulta popular e aberta que fez a seguinte pergunta a cerca de 500 mil pessoas: “O que deve mudar no Brasil para sua vida melhorar de verdade?”.

Segundo Ricardo Jatobá, um dos organizadores do concurso, os pontos em comum entre a carta de princípios do Circuito Fora do Eixo e a campanha Mostre o Seu Valor, através da qual o PNUD busca estimular a reflexão sobre o tema do RDH, motivaram a parceria.

“O que mais chamou nossa atenção é o pessoal do circuito falar em substituirmos o valores de individualismo pelos de associativismo e coletivismo, que é uma das coisas que buscamos com a campanha”, afirma.

Regulamento

As produções podem ser apresentadas nos idiomas português e espanhol. Estes últimos, porém, devem ter legenda ou tradução em português. Os interessados em participar devem ler o regulamento e preencher a ficha de inscrição disponível no endereço www.valores.foradoeixo.org.br e enviá-la por email para mostreseuvalor@foradoeixo.org.br até 2 de setembro.

Os artistas podem concorrer com trabalhos de música, literatura, cinema e artes visuais, que incluem desenho, design, gravura, escultura, grafite, ilustração, moda, colagem, montagem, pintura e poesia visual. Dúvidas sobre o envio de produções podem ser sanadas pelo telefone (61) 3038-9105 ou pelo regulamento, publicado no site do concurso.

Uma comissão formada por representantes do PNUD, do Circuito Fora do Eixo e por profissionais de reconhecida atuação em cada categoria irá avaliar os trabalhos, levando em conta sua adequação ao tema e o seu valor artístico. O resultado sairá até 14 de setembro.

As produções vencedoras terão divulgação feita por meio das empresas parceiras do PNUD no RDH e receberão destaque no site oficial do concurso e no da campanha Mostre Seu Valor (www.mostreseuvalor.org.br). Além disso, participarão de ao menos cinco festivais do Circuito Fora do Eixo, entre setembro e dezembro.

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http://www.pnud.org.br/cidadania/reportagens/index.php?id01=3533&lay=cid

São Paulo, 03/08/2010
PNUD divulgará índice de valores humanos
Indicador inédito será apresentado em Brasília na próxima terça, com terceiro caderno do Relatório de Desenvolvimento Humano Brasil

da PrimaPagina

O PNUD vai divulgar na próxima terça-feira (10) o terceiro caderno do Relatório de Desenvolvimento Humano (RDH) Brasil 2009/2010. A publicação trará sugestões de políticas públicas para promoção de valores humanos e divulgará um indicador inédito, o IVH (Índice de Valores Humanos).

O IVH terá as mesmas três dimensões do IDH (Índice de Desenvolvimento Humano): saúde, conhecimento e padrão de vida. Assim como o indicador calculado e divulgado anualmente pelo PNUD, ele vai variar de 0 a 1 (quanto mais próximo de 1, maior). O cálculo é baseado em entrevistas feitas pelo Instituto Paulo Montenegro, ligado ao Ibope.

“O IDH foca resultados. O IVH desloca a atenção dos resultados para os processos”, afirma Flávio Comim, economista do PNUD e organizador do relatório. “O novo índice retrata a vivência das pessoas e a opinião da sociedade sobre essas vivências.”

O caderno será apresentado em Brasília, e faz parte de uma série de publicações ligadas ao RDH Brasil 2009/2010. Na primeira etapa da elaboração do relatório, foram coletadas respostas de 500 mil pessoas, durante a campanha Brasil Ponto a Ponto. Todas responderam à questão “O que deve mudar no Brasil para sua vida melhorar de verdade?”.

A partir das respostas, ficou definido que o assunto seriam “valores”. Já em uma segunda etapa, o PNUD encomendou uma pesquisa ao Ibope para averiguar quais eram, na avaliação dos brasileiros, os valores mais importantes.

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http://www.pnud.org.br/administracao/reportagens/index.php?id01=3531&lay=apu

João Pessoa, 05/08/2010
Rede pró-ODM quer mais capacitação na PB
Movimento Nós Podemos Paraíba pretende defender treinamento e renda junto ao Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social

DANIELLE BRANT
da PrimaPagina

O movimento Nós Podemos Paraíba, que reúne 77 organizações empresariais e do terceiro setor, além de instituições do governo, vai priorizar a defesa de políticas de capacitação em sua atuação no Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social da Paraíba.

A estratégia proposta é mesclar treinamento com garantia de ocupação e de renda, segundo a coordenadora do movimento, Núbia Gonçalves. “Capacitar é muito importante, desde que você atenda às necessidades do estado e gere renda para os trabalhadores”, afirma ela, que ressalta que estimular a criação de emprego é um fator fundamental para reduzir as desigualdades sociais.

O Nós Podemos Paraíba, um dos frutos estaduais da campanha nacional em prol dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, foi convidado em maio, pelo governo paraibano, a ocupar um assento no conselho.

“Os integrantes do conselho viram que o movimento tinha uma missão maior, que poderia contribuir muito para o desenvolvimento das políticas públicas e também para a melhoria das questões da Paraíba”, afirma Núbia, que representa a entidade no órgão estadual. “A palavra do movimento representa um conjunto, uma decisão de organizações diferenciadas, o tempo que levaria para tratar com cada uma isoladamente seria bem maior. O movimento tem força aglutinadora de representação e é um grupo de pressão”.

O grupo também pretende defender outros pontos no conselho, como melhoria da assistência técnica para a agricultura familiar, reforço ao apoio às micro e pequenas empresas e fortalecimento da aplicação do Estatuto da Criança e do Adolescente .

Outro foco de atenção do grupo é o combate às drogas no estado, principalmente ao crack. “Ele está muito presente na vida da população daqui, tanto nas classes mais ricas quanto nas mais pobres”, afirma a coordenadora do Nós Podemos Paraíba. Em vez de criar novas ações, a ONG prefere apoiar campanhas já existentes, como a Crack Nunca Mais, e apostar na força das redes sociais para mostrar como essa droga é devastadora.