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CCJ aprova turno de 8 horas para Ensino Fundamental
30 de agosto de 2009
Atualmente, 406.964 alunos, no país, estudam com esta carga horária, o que corresponde a apenas 1,3% do total. A aprovação na CCJ teve boa repercussão
Guilherme Cabral
Repórter
A proposta de emenda constitucional tornando obrigatório o Ensino Fundamental integral de oito horas, aprovada pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados, em Brasília, repercutiu favoravelmente no meio educacional, em João Pessoa. Professores, dirigentes de escolas e alguns alunos disseram concordar com a ideia - desde que condições sejam oferecidas para a implementação - por servir para melhorar a infraestrutura das unidades e o aprendizado dos estudantes. Atualmente, 406.964 alunos, no país, estudam em turno integral nesse nível, o que corresponde a 1,3% do total.
"A ideia é ótima e extremamente importante", disse, por exemplo, o professor de Física Tomaz Passamani. Segundo ele, "o argumento de que não existe dinheiro para a educação no Brasil não é desculpa para a não implantação do Ensino Fundamental integral no país. O Brasil é rico, tem dinheiro", prosseguiu ele, salientando "que a questão é a existência de interesses políticos, por parte da classe dominante, contrários à melhoria da qualidade da educação no país, que não querem essa medida para que a população não seja educada".
Na opinião desse professor, o Ensino Fundamental em tempo integral beneficiaria não apenas os docentes, pois teriam oportunidades de se conhecerem melhor como os alunos aprenderiam mais. "Ajudaria a combater a criminalidade e a marginalidade, como fim do tempo ocioso, pois os estudantes passariam mais tempo dentro de sala de aula, evitando o efeito nocivo da internet e da televisão", disse Tomaz Passamani.
A professora e supervisora escolar Neuciene Almeida também se manifestou favoravelmente à ideia. "O benefício seria riquíssimo, pois ampliaria muito a aprendizagem", comentou ela, ressalvando que, para isso, também deveriam ser tomadas outras iniciativas, como uma infraestrutura adequada nas escolas e a melhoria da situação salarial dos professores. E ainda ressaltou que, além da melhoria na aprendizagem, o horário integral no Ensino Fundamental poderia atenuar alguns problemas, como o uso de drogas e casos de gravidez na adolescência.
O professor de Educação Física Wellington Melo foi outro a opinar de forma favorável à idéia, alegando que passou por experiência própria nessa área. Ele lembrou que, até o início dos anos 1980, estudou num colégio que oferecia o Ensino Fundamental integral, no Conjunto Castelo Branco, em João Pessoa. Segundo ele, foi na Escola Polivalente Presidente Médici, hoje de ensinos Fundamental e Médio.
Naquela época, o professor Wellington Melo disse que aprendeu outras atividades, como técnicas agrícolas - a exemplo de cuidar de hortas - e fazer trabalhos em âmbito doméstico, como cozinhar e reparar torneiras com problemas e desentupir pias. "Foi uma das melhores épocas que eu vivi", confessou ele, por entender que aprendeu atividades que lhe proporcionaram ter melhores condições de qualidade de vida.
O vice-diretor da Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Olivina Olívia, Josemar Elias da Silva, afirmou apoiar a iniciativa, aprovada na Câmara dos Deputados, de querer estender o Ensino Fundamental integral a todas as escolas, mas admitiu que, para ser uma medida eficiente, precisaria de ações para melhorar a estrutura física das unidades, a alimentação e a questão financeira dos professores, além de que haja o empenho em cumpri-las.
O estudante Alexandre Flávio concordou com a idéia em tramitação no Congresso Nacional. "Seria bom, porque teríamos mais tempo para estudar em sala de aula, o que ajudaria ainda mais no aprendizado, dando uma formação consistente para o Vestibular e ser, no futuro, um profissional bem sucedido", afirmou ele.
Já a estudante Daiana Gomes confessou ser contra a medida, argumentando que estudar em um período, como acontece hoje, "já é o suficiente". Segundo ela, se fosse em tempo integral, poderia cansar o aluno, que não teria condições para se envolver em outras atividades, como fazer cursos preparatórios e técnicos em áreas como a de informática.